O presidente Nicolás Maduro celebrou nesta sexta-feira (5) com um desfile militar o aniversário da Independência da Venezuela, ratificando o respaldo das Forças Armadas ao seu governo, que hoje se viu golpeado por um relatório da Organização das Nações Unidas que reconhece a existência de violações aos direitos humanos durante sua gestão.
Com limitações de acesso à imprensa e forte presença das forças de segurança nos arredores do Fort Tiuna, no oeste de Caracas, Maduro comemorou os 208 anos da Independência com um desfile que se estendeu cerca de duas horas e no qual participaram um grande número de civis uniformizados, conhecidos como milícias, e militares de outros corpos que marcharam ao grito de "somos socialistas, anti-imperialistas e também chavistas".
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"Chega de conspirações", afirmou o presidente esquerdista, que enfrentou há dois meses uma fracassada tentativa de golpe e denunciou na semana passada um novo complô contra seu governo, no qual acabou implicado o capitão de corveta Rafael Acosta Arévalo. Este morreu no último sábado durante sua detenção, o que causou polêmica no país sul-americano e a condenação de vários países e também da Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet.
Maduro anunciou que em 24 de julho haverá novos exercícios militares para a defesa das fronteiras. Em seu discurso, realizou um novo chamado ao diálogo e afirmou que "todos temos de ceder, uma parte temos de ceder para chegar a acordos".
A oposição celebrou em separado o Dia da Independência, com uma sessão na Assembleia Nacional e uma marcha no leste da capital e em outras cinco cidades do interior. "Chega de tortura e pelo fim da usurpação na Venezuela", afirmou o líder oposicionista, Juan Guaidó, a milhares de opositores que se concentraram. Guaidó foi reconhecido como presidente interino do país por mais de 50 países. Ele pediu que as Forças Armadas deixem de reconhecer Maduro e disse que, após o relatório apresentado por Bachelet, os militares e funcionários públicos "formalmente se tornam cúmplices da violação aos direitos humanos".
Liberdade plena
Em meio ao feriado nacional, um tribunal de Caracas deu liberdade plena à juíza María Lourdes Afiuni, considerada pela oposição uma das presas políticas mais emblemáticas, após a publicação do informe da ONU que documentou violações aos direitos humanos no país.