Considerado um peronista de centro-esquerda, moderado e pragmático, o advogado e professor de Direito Alberto Fernández, 60 anos, foi eleito presidente da Argentina nesse domingo (27) em uma chapa ao lado da ex-presidente do país, Cristina Kirchner. Fernández obteve 48,03% dos votos com mais de 96% das mesas apuradas, contra o presidente liberal Mauricio Macri, que conseguiu 40,44% dos votos.
A vitória de Alberto já era esperada por analistas políticos, porém é considerada surpreendente, visto que o presidente eleito disputou apenas uma eleição popular em 2000, quando foi eleito vereador de Buenos Aires. Nessa época, ele publicou um artigo em um jornal, que despertou o interesse de Néstor Kirchner em conhecer o autor.
Após se encontrarem, Alberto e Néstor se tornaram amigos e coube ao hoje presidente eleito apresentar o casal Kirchner, que vinha de uma pequena província argentina, a dirigentes influentes do país.
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Relação com os Kirchners
Essa relação amistosa fez com que, cerca e três anos após conhecer Néstor, Alberto assumisse o cargo público, até então, mais importante de sua vida. Em 2003, ele assumiu chefe de gabinete de Kirchner, eleito presidente naquele ano. Fernández ficou no cargo até o fim do governo de Néstor, em 2007.
Como Kirchner decidiu não disputar a reeleição e lançar a esposa, Cristina, que foi eleita em 2007, Alberto Fernández decidiu colocar seu cargo à disposição para que a nova presidente pudesse montar seu gabinete de governo. A presidente, porém, convidou Alberto para permanecer no posto que ocupava no governo do marido.
Ele permaneceu no cargo até 2008, quando saiu do governo após atritos com sua agora vice-presidente, que protagonizava um embate com os proprietários rurais e com os grandes meios de comunicação. Desde então, o ex-chefe de gabinete se aliou a peronistas opositores dos Kichners. Hoje, esse episódio surge como um argumento de demonstração da independência de Fernández, contra aqueles que o acusam de ser uma mera marionete de Cristina.
'Liberal de esquerda'
Críticos do futuro presidente argentino o chamam de cameleão por causa de suas controvérsias alianças ao longo dos últimos anos, que foram de peronistas a ultraliberais. Em sua defesa, Fernández se define como um 'liberal de esquerda, um liberal progressista'.
"Acredito nas liberdades individuais e acho que o Estado tem que estar presente para o que o mercado precisar. E sou um peronista. Estou inaugurando o braço do liberalismo progressista peronista", falou Alberto durante um debate.
Durante a campanha à Casa Rosada, sede do governo argentino, Fernández visitou os líderes da esquerda latino-americana, como o ex-presidente uruguaio José "Pepe" Mujica, o mandatário boliviano Evo Morales e o ex-presidente Lula, a quem o peronista caracteriza como preso político.
Perfil reservado
Torcedor do Argentino Juniors, time que revelou Diego Maradona e Juan Román Riquelme, Alberto Fernández é visto como alguém de perfil reservado, cuja vida privada é pouco conhecida. Apesar disso, o futuro presidente dos 'hermanos' gosta de publicar fotos de seu cachorro, que tem perfis no Instagram (@dylanferdezok) e no Twitter (@dylanferdez).
O peronista gosta de tocar violão, compor músicas e ouvir rock argentino. Pai de apenas um filho, Estanislao, 24 anos, fruto de uma relação que terminou em 2005, Fernández vive atualmente com a jornalista de Cultura e atriz Fabiola Yáñez, em Puerto Madero, um dos endereços mais nobres da capital argentina, Buenos Aires.