Infecção

Mortes do coronavírus sobem e casos passam de 5 mil

China é o epicentro da doença, que vem alertando o mundo

AFP
Cadastrado por
AFP
Publicado em 28/01/2020 às 21:02
SONNY TUMBELAKA / AFP
FOTO: SONNY TUMBELAKA / AFP
Leitura:

As autoridades chinesas anunciaram nesta terça-feira que mais 25 pessoas faleceram por conta do foco do novo coronavírus na China, elevando para 131 o número de mortos por esta doença no país, onde começou a epidemia. Até o momento, 840 novos casos de infecção foram confirmados na mesma província, totalizando 5.300 pacientes contaminados pelo vírus em todo o país, de acordo com as fonte oficiais.

>> Coronavírus: como é a transmissão, os sintomas e o tratamento

>> Prefeitura do Recife adotará medidas de precaução contra o coronavírus

>> Coronavírus afeta calendário esportivo e preocupa Olimpíada de Tóquio

>> Além do coronavírus, relembre outras doenças que alarmaram a população no mundo

>> Infectado pelo coronavírus pode não ter sintoma, aponta estudo

BRASIL

O Ministério da Saúde confirmou mais dois casos suspeitos de coronavírus no Brasil. Com isso, já são três os possíveis registros de infecção pela nova doença em território nacional.

Além do caso já divulgado de Belo Horizonte (MG), estão sendo investigadas suspeitas em Porto Alegre (RS) e em Curitiba (PR), de acordo com informe divulgado na noite desta terça-feira pelo Ministério da Saúde.

De acordo com a pasta, os pacientes se enquadram na classificação por apresentarem sintomas, como febre, tosse e dificuldade de respirar e ter histórico de viagem à China nos últimos 14 dias.

Os pacientes serão monitorados e ficarão isolados até que os resultados dos exames sejam divulgados, o que deve acontecer até o final da semana.

Ministério desaconselha viagens à China

O Ministério da Saúde do Brasil passou a desaconselhar viagens para a China, nesta terça-feira (28) depois que todo o território daquele país passou a ser considerado área de transmissão do coronavírus pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Até então, as áreas consideradas com transmissão local eram as províncias de Hubei e Guangdong. Algumas companhias aéreas já estão aceitando o cancelamento das viagens sem ônus para o passageiro. Quem vai viajar para outros países precisa redobrar as cautelas, pois a maioria dos aeroportos adotou medidas rigorosas de vigilância contra a doença.

O novo coronavírus já infectou mais de 4,5 mil pessoas, das quais 106 morreram. Além da China, 14 países já confirmaram infecções pela doença.

Coronavírus: como é a transmissão, os sintomas e o tratamento

Abaixo um resumo de tudo que se sabe sobre a doença até o momento:

Mortalidade

"O que vimos até agora é que esta doença (...) não é tão violenta quanto a Sars", disse Gao Fu, diretor do Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças, no domingo.

"Temos a impressão (...) de que hoje a propagação desse vírus é mais rápida que a Sars, mas sua mortalidade é claramente menor", concordou a ministra da Saúde da França, Agnès Buzyn, do país onde foram detectados os primeiros casos da Europa. 

O novo vírus, batizado 2019-nCoV, e o da Sars pertencem à mesma família de coronavírus e no plano genético têm 80% de semelhanças. 

Segundo a OMS, a epidemia de Sars deixou 774 mortos em 8.096 casos no mundo em 2002/2003, antes de ser interrompida, ou seja, uma taxa de mortalidade de 9,5% (comparado a 34,5% de outra epidemia causada por um coronavírus, a Mers). 

Até agora, o novo vírus deixou 81 mortos, todos na China, dos 2.744 casos detectados (mais de 40 no exterior), o que equivale a uma taxa de mortalidade inferior a 3%. 

No entanto, esse número é apenas indicativo: o número real de pessoas infectadas é desconhecido porque os pacientes com pouco ou nenhum sintoma não são contados. 

"A taxa de mortalidade parece diminuir com o passar dos dias, juntamente com um número maior de casos detectados", disse Buzyn.

Transmissão

Os cientistas do Imperial College de Londres estimam que "em média, cada caso (de um paciente portador do novo coronavírus) infectou 2,6 pessoas a mais". 

Chamada de "taxa básica de reprodução" ou R0, essa medida é importante para entender a dinâmica de uma epidemia. 

No caso da Sars, estima-se que cada caso tenha infectado uma média de 2 a 3 pessoas (como a gripe), mas com grandes disparidades: havia "super transmissores" capazes de contaminar dezenas de pessoas. 

No caso do novo vírus, há uma pergunta crucial: em que estado de infecção o paciente se torna contagioso. "O contágio é possível durante o período de incubação", ou seja, antes mesmo que os sintomas apareçam, disse Ma Xiaowei, diretora da Comissão Nacional de Saúde da China, no domingo. "É muito diferente da Sars", insistiu. 

Essa hipótese, no entanto, baseia-se na observação de vários primeiros casos e ainda não está confirmada. 

"Se isso for incomum, terá um impacto mínimo na evolução da epidemia, mas se for frequente, será cada vez mais difícil de controlar", explica o virologista Jonathan Ball, da Universidade de Nottingham (Inglaterra). 

Acima de tudo, dado que o período de incubação pode ser prorrogado até duas semanas, segundo estimativas. Se essa hipótese for confirmada, "medidas como controle de temperatura nos aeroportos seriam ineficazes", disse a professora britânica Sheila Bird.

SONNY TUMBELAKA / AFP
Turistas chineses em Dempassar, na Indonésia - SONNY TUMBELAKA / AFP
ANTHONY WALLACE / AFP
Pedestres usam máscaras durante feriado do Ano Novo Chinês, em Hong Kong - ANTHONY WALLACE / AFP
SONNY TUMBELAKA / AFP
Turistas chineses em Dempassar, na Indonésia - SONNY TUMBELAKA / AFP
Anthony WALLACE / AFP
Casal usando máscaras no metrô de Hong Kong, na China - Anthony WALLACE / AFP
Anthony WALLACE / AFP
Passageiros usando máscaras aguardam por trem na plataforma em Hong Kong - Anthony WALLACE / AFP
Anthony WALLACE / AFP
Passageiros usando máscaras viajam em trem durante feriado de Ano Novo Chinês - Anthony WALLACE / AFP
Anthony WALLACE / AFP
Homem usando máscaras sentado em um banco enquanto aguarda por trem - Anthony WALLACE / AFP
SONNY TUMBELAKA / AFP
Turista chinês usa máscara para se proteger do coronavírus em Dempanssar, na Indonésia - SONNY TUMBELAKA / AFP
Anthony WALLACE / AFP
Passageiros usando máscaras aguardam por trem na plataforma em Hong Kong - Anthony WALLACE / AFP

Sintomas

A doença causada pelo novo coronavírus e a Sars apresentam sintomas comuns, de acordo com a observação dos 41 primeiros casos detectados na China. 

Todos os pacientes sofriam de pneumonia, quase todos tinham febre, três em cada quatro tossiam e mais da metade apresentava dificuldades respiratórias. 

Mas "existem diferenças notáveis com a Sars, como a ausência de sintomas que afetam as vias aéreas superiores (congestão nasal, dor de garganta, espirros)", diz o Dr. Bin Cao, principal autor desses trabalhos publicados na revista The Magazine Lancet.

A idade média dos 41 pacientes é de 49 anos, e menos de um terço sofreu doenças crônicas (diabetes, problemas cardiovasculares...). Quase um terço teve uma condição respiratória aguda e seis morreram. 

Embora não se possam tirar conclusões gerais devido aos poucos pacientes controlados do novo coronavírus, essas observações permitem elaborar um primeiro quadro clínico da doença - que já matou dezenas, principalmente na China - pois a nova infecção apresenta sintomas semelhantes aos da gripe de inverno, dificultando o diagnóstico. 

Não existe vacina ou medicamento para o coronavírus e a assistência médica é para tratar os sintomas.

Controle da epidemia

A epidemia de Sars foi contida em vários meses, graças à extensa mobilização internacional. A China impôs rígidas medidas de higiene à sua população, além de dispositivos de isolamento e quarentena. 

O país também proibiu o consumo de gatos da algália, um mamífero pelo qual o vírus foi transmitido ao homem. 

No caso do novo vírus, não se sabe até agora qual animal desempenha esse papel intermediário. Enquanto isso, a China proibiu o comércio de todos os animais selvagens.

Últimas notícias