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Níger: protestos contra Charlie Hebdo deixam dez mortos em dois dias

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Publicado em 17/01/2015 às 19:16
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NIAMEI - Cinco pessoas morreram neste sábado, em Niamei, capital do Níger, em violentos protestos contra a charge do profeta Maomé na capa do jornal satírico francês "Charlie Hebdo" - anunciou o presidente nigerino, Mahamadou Issoufou.

"Em Niamei, o balanço é de cinco mortos, todos civis, entre eles quatro mortos em igrejas e bares", declarou Issoufou, acrescentando que o corpo de uma vítima foi encontrado "carbonizado em uma igreja", neste sábado de manhã, em Zinder. Com isso, subiu para cinco o número de vítimas fatais das manifestações que aconteceram sexta-feira, em Zinder, também contra o "Charlie".

"O que aconteceu em nossa casa, ontem, em Zinder, e hoje, em Niamei, nos desafia. Como podemos aceitar essas
igrejas que foram queimadas? Do que são culpados as igrejas e os cristãos do Níger?", questionou Issoufou, em discurso transmitido em rede nacional.

"Os que depredam esses lugares de culto, que profanam esses lugares, que perseguem e matam seus compatriotas
cristãos, ou estrangeiros que vivem em nosso país, não entenderam nada do Islã", denunciou o presidente. "Sabiam que, comportando-se desse jeito, incitam as populações dos países onde os muçulmanos são minoria a profanar e a destruir as mesquitas? Sabiam que aumentam o preconceito contra nossos inúmeros compatriotas que vivem em países de maioria cristã?", questionou.

Ele convidou os muçulmanos nigerinos a "continuarem o exercício de sua fé na tolerância, no respeito à [fé] dos outros", como "pedimos aos outros para respeitarem nossa fé".

Uma investigação foi aberta sobre essa onda de violência, anunciou o presidente, garantindo que os responsáveis
por essas "manifestações selvagens" serão "identificados e punidos conforme à lei".

"Lanço a todos um apelo à calma. Quero pedir que se afastem dessas agitações. Peço a vocês que contribuam para
preservar a paz e a tranquilidade, pela qual tanto nos invejam, completou.

O Níger é um país de maioria muçulmana, atingindo 98% da população, segundo números oficiais. Existe, porém, uma minoria de cristãos e praticantes de cultos animistas.

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