Representantes da comissão vaticana contra abusos sexuais, criada pelo papa Francisco I, pediram que o pontífice destitua o bispo chileno Juan Barros, recém-nomeado para o cargo, por ter se envolvido no acobertamento de abusos sexuais, informaram fontes religiosas nesta sexta-feira.
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A comissão é formada por 17 pessoas de distintas nacionalidades, sendo várias delas laicas, e algumas delas representam as vítimas. Os integrantes da comissão demonstraram preocupação com o fato de Barros ter assumido o posto de bispo de Osorno, no último sábado.
Segundo a agência de notícias católica National Catholic Reporter, sediada nos EUA, a maior parte dos membros da comissão considera a possibilidade de viajar a Roma para conversar com o papa sobre o caso.
A situação é, em resumo, delicada para o papa latino-americano, que prometeu "tolerância zero" contra a presença desses atos preocupantes no seio da Igreja Católica. Em todo o mundo, há décadas, a Igreja é acusada de ter protegido os pedófilos e, sobretudo, se omitido diante das denúncias de abusos.
Questionada pela AFP sobre o caso, a assessoria de imprensa do Vaticano se negou a responder.
A nomeação do bispo Barros, em janeiro, e o início de suas atividades no dia 21 têm provocado uma onda nunca vista de manifestações e rejeição, em Chile.
A nomeação de Barros é contestada pelo envolvimento com o sacerdote Fernando Karadima, influente na formação de bispos, a quem o Vaticano declarou culpado por abusos sexuais, em 2011, fazendo-o se aposentar a "uma vida de oração e penitência".
A comissão de especialistas, presidida pelo cardeal Sean O'Malley, tem encontro programado para outubro.
Em decorrência da última reunião do órgão, em fevereiro, foi recomendado que se evite a nomeação de pessoas envolvidas com abusos sexuais para cargos de chefia.
A nomeação de Barros divide a Igreja chilena, que pediu desculpas, publicamente, em abril de 2011, pelos casos de pedofilia envolvendo mais de vinte sacerdotes, sendo que cinco já foram condenados pela justiça local.