As autoridades ucranianas buscavam nesta terça-feira (1) os responsáveis pelos distúrbios nos quais morreram dois policiais na véspera, diante do Parlamento de Kiev, depois da adoção de uma polêmica reforça que concede mais autonomia às regiões separatistas.
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Um segundo policial ucraniano morreu nesta terça-feira pelos ferimentos sofridos nos confrontos entre as forças de ordem e militantes de extrema direita.
Os ultradireitistas se opunham a uma reforma constitucional, votada na câmara, que concede uma maior autonomia às regiões separatistas pró-russas do leste da Ucrânia, palco de um conflito armado desde abril de 2014.
Com este, o balanço dos confrontos é de dois policiais mortos e 141 pessoas hospitalizadas.
A polícia indicou à AFP que entre os internados há 131 agentes, dez deles em estado grave.
Olga Bogomolets, colaboradora do presidente Petro Poroshenko, escreveu em sua página do Facebook que os feridos mais graves foram atingidos no estômago, nos pulmões e na cabeça após a explosão de uma granada perto da entrada do Parlamento.
As autoridades acusaram os militantes do partido ultranacionalista Svoboda pelo incidente, mas eles negaram qualquer envolvimento.
O presidente ucraniano Petro Poroshenko visitou os membros da Guarda Nacional que ficaram feridos e prometeu que encontrará os responsáveis pelos distúrbios e também pediu calma às forças políticas do país.
Os distúrbios de segunda-feira não têm precedentes na capital ucraniana desde os protestos pró-europeus da Maidan, reprimidos fortemente pelo regime pró-russo anterior deposto em fevereiro de 2014.
A violência eclodiu logo após a aprovação pelo Parlamento em primeira leitura de uma reforma concedendo mais autonomia ao leste separatista mergulhado na guerra.
Um total de 265 deputados, contra um mínimo exigido de 226, votaram a favor desta decisão numa sessão tempestuosa, durante a qual deputados opostos a este projeto que consideram "anti-ucraniano" e "pró-Putin" bloquearam o acesso à tribuna parlamentar e gritavam "Vergonha!".
A adoção deste projeto de reforma foi exigida pelos aliados ocidentais da Ucrânia, que veem uma maneira de apaziguar o conflito armado que já custou mais de 6.800 mortos em dezesseis meses.
Muitos na Ucrânia, porém, criticam a reforma como uma tentativa de legalizar o controle de fato dos rebeldes de parte do leste industrial do país.
O projeto de reforma concede mais poderes ao conselho de representantes regionais e locais, incluindo aqueles localizados na área agora sob controle rebelde.
O projeto de lei autoriza nomeadamente a organização de uma "Polícia do Povo".
Mas, ao contrário das expectativas dos separatistas, não confirma definitivamente o status de semi-autonomia dos territórios sob seu controle. De acordo com o texto, este status deve ser determinado por uma lei específica por uma duração limitada de três anos.
Os novos confrontos provocaram preocupação na União Europeia, que apoia as autoridades pró-europeias no poder na Ucrânia desde a queda do antigo regime, e na Rússia, acusada pelo ocidente de apoiar os rebeldes separatistas do leste do país.