Sem água

Para mudar a dura face da seca no Nordeste do Brasil

Após recente período de estiagem no Nordeste, em 2017, cenário começa a mudar com investimento do Governo Federal

Fernando Bezerra Coelho
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Fernando Bezerra Coelho
Publicado em 04/05/2019 às 9:29
Foto: Arquivo/JC
Após recente período de estiagem no Nordeste, em 2017, cenário começa a mudar com investimento do Governo Federal - FOTO: Foto: Arquivo/JC
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A seca tem muitas faces dolorosas, sendo a fome a mais cruel. Sem água, as plantações desaparecem, o rebanho definha e a economia dos pequenos municípios enfraquece. Na literatura, a experiência da fome foi retratada por Rachel de Queiroz no romance “O Quinze”, inspirado na grande seca de 1915. Resiliente, o povo do Nordeste testemunhou outras estiagens severas, como a última, de 2012 a 2017, cujos efeitos ainda se fazem sentir. Mas esse cenário começou a mudar.

A água que o Governo Federal levará para o Nordeste está no Plano Nacional de Segurança Hídrica, que o ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, lançou em abril, em Petrolina. O Plano reúne 95 obras estratégicas para aumentar a oferta de água em todo o Brasil até 2035. No total, serão investidos R$ 27,5 bilhões na construção de barragens, sistemas adutores, canais e eixos de integração para evitar os piores impactos da seca.

Aos estados do Nordeste coube a maior parte das obras que compõem o Plano. São investimentos que somam R$ 15,7 bilhões e correspondem a 58% do total. A Pernambuco, coube o maior número de intervenções, já que possui a maior carência hídrica da região. São 14 obras, totalizando R$ 4,5 bilhões. Entre elas, estão o Canal do Sertão Pernambucano, a Adutora do Agreste, a Adutora do Pajeú e o Ramal do Entremontes, além do Ramal do Agreste, que levará a água do Eixo Leste a 68 cidades. Hoje, 2,5 mil trabalhadores atuam nas obras do Ramal.

É importante ressaltar que cada R$ 1,00 investido na oferta de água gera cerca de R$ 15 em benefícios, sendo o maior deles a diminuição do sofrimento do Nordeste, historicamente sujeito a secas prolongadas.

O Plano Nacional de Segurança Hídrica é um sonho que começou em 2011, quando assumi o Ministério da Integração Nacional, como bem lembrou o ministro Gustavo Canuto naquela tarde de abril. Vi minha cidade natal crescer e se desenvolver graças à agricultura irrigada, um esforço que remonta à década de 1960, cuja participação da Codevasf foi decisiva. O sertanejo compreendeu a força transformadora do acesso à água e, hoje, o Vale do São Francisco é responsável por 90% da uva e da manga exportadas pelo Brasil.

Com o Plano Nacional de Segurança Hídrica, a pujança da nossa fruticultura se multiplicará, mudando a paisagem que um dia levou para longe do Sertão o vaqueiro Chico Bento, na obra “O Quinze”.

Fernando Bezerra Coelho é senador pelo MDB de Pernambuco e líder do governo no Senado.

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