O Estado do Rio de Janeiro está em alerta e São Paulo vive um surto, enquanto a Organização Pan-Americana de Saúde informa que 12 países das Américas notificaram 17.361 casos entre 2018 e janeiro de 2019, dos quais o Brasil é responsável por 10.274, com 12 mortes até 9 de janeiro deste ano. Estamos falando do perigoso sarampo e há motivo de preocupação em Pernambuco, onde são investigados seis possíveis casos, número aparentemente irrelevante para uma área de 98 mil quilômetros quadrados e 9 milhões de habitantes, mas o risco é real e iminente porque se trata de uma doença altamente contagiosa e não tem fronteiras: “Para cada caso diagnosticado, existe possibilidade de contágio de até 20 outras pessoas”, diz o médico infectologia Paulo Sérgio Ramos. Se imaginamos o efeito dominó, fica evidente a preocupação das autoridades de saúde em nosso Estado.
Para quem tem dúvida sobre a facilidade do sarampo em se transformar num problema coletivo, é só consultar o diagnóstico do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fundação Oswaldo Cruz: “A transmissão ocorre diretamente, de pessoa a pessoa, geralmente por tosse, espirros, fala ou respiração, por isso a facilidade de contágio da doença. Além de secreções respiratórias ou da boca, também é possível se contaminar através da dispersão de gotículas com partículas virais no ar, que podem perdurar por tempo relativamente longo no ambiente, especialmente em locais fechados como escolas e clínicas. A doença é transmitida na fase em que a pessoa apresenta febre alta, mal-estar, coriza, irritação ocular, tosse e falta de apetite e dura até quatro dias após o aparecimento das manchas vermelhas”.
Em 2010, a Assembleia Mundial da Saúde estabeleceu marcos para a erradicação do sarampo até 2015, mas por irregularidade na vacinação em várias regiões muitas mortes foram causadas pela doença dois anos depois daquela data. O sarampo é uma doença que pode ser contraída por pessoas de qualquer idade e a vacinação é a única maneira de se prevenir. Por isso, o diretor de controle de doenças transmissíveis da Secretaria Estadual de Saúde, George Dimech, avisa: “Quem estiver com a vacina desatualizada precisa ficar em alerta. Independente da confirmação em Pernambuco, o Brasil tem surtos em outros locais. No mundo, existem surtos nos Estados Unidos, na Europa e em países mais próximos, como a Venezuela. O vírus acaba circulando”.
Preocupação
A fonte da preocupação em nosso Estado vem da notificação, no dia 27 passado, do caso suspeito de uma adolescente de Caruaru que tinha viajado em uma turma de jovens para Porto Seguro, na Bahia. Durante a investigação, outros cinco jovens (quatro que participaram da viagem e um que teve contato com os estudantes), também foram apontados como possíveis portadores do vírus. Esse processo de transmissão já teve registro entre nós em 2018, quando foram confirmados 4 casos da doença em Pernambuco, todos relacionados a um paciente com histórico de viagem para Manaus, área com circulação do vírus na época.
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