O primeiro bloco do debate presidencial no SBT foi marcado por troca de ataques entre os candidatos Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB). O momento mais quente foi a troca de acusações entre os dois em relação a nepotismo. Dilma disse nunca ter nomeado parentes e questionou Aécio se ele já empregou familiares. Aécio respondeu com ironia sobre referência aos concursos públicos no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e lembrou que Dilma escreveu uma carta elogiando o ex-presidente. Sobre a questão de nepotismo, Aécio disse que sua irmã Andrea Neves trabalhou como voluntária no governo mineiro. "Nepotismo é proibido por lei. Ela assumiu cargo de voluntariado, que geralmente as esposas ocupam, entenda a lei", rebateu o tucano.
Aécio citou ainda, dizendo "lamentar trazer isso para o debate", o irmão de Dilma, Igor Rousseff, que segundo ele foi contratado pelo então prefeito de Belo Horizonte e correligionário da presidente Fernando Pimentel. "Ele não apareceu um dia para trabalhar. Essa é a nossa diferença, minha irmã trabalha muito e não recebe nada, seu irmão não trabalha e recebe muito."
Dilma, por sua vez, listou um tio, uma irmã, três primos e três primas empregados por Aécio em Minas, dizendo que todos esses casos não foram explicados pelo candidato do PSDB. A petista apontou que, apesar de Andrea Neves ter assumido cargo de voluntária, era responsável por verbas de comunicação do governo mineiro, e perguntou por que não foi esclarecida a acusação de favorecimento de veículos da família de Aécio. "Todo mundo sabe que ela era responsável pela destinação de verbas relativas a propaganda. Quanto vocês colocaram nas três rádios e jornal que vocês possuem?", pressionou Dilma.
"Atendi a reivindicação histórica das empresas de radiodifusão, todas as empresas de rádio receberam as mesmas verbas no meu governo", defendeu Aécio ao argumentar que a suposta irregularidade na destinação de verbas foi denunciada pelo PT e o Ministério Público não comprovou qualquer malfeito.
Antes desse confronto sobre nomeação de parentes, os candidatos trocaram farpas sobre escândalos de corrupção. Logo na primeira pergunta, Aécio questionou de quem é a responsabilidade no governo Dilma pelos desvios na Petrobras. Dilma repetiu a argumentação de que tudo o que é investigado no seu governo é possível por ser hoje a Polícia Federal um órgão independente, que vai "punir implacavelmente". "O Brasil pela primeira vez vai ter combate sistemático à corrupção", defendeu Dilma, que listou casos de denúncias ligados ao governo do PSDB e supostamente não resolvidos.
A candidata à reeleição disse estarem soltos os envolvidos nos casos da denúncia de compra de votos para aprovação da emenda da reeleição, escândalo da pasta rosa, do Sivan, do mensalão mineiro e do cartel de trens e metrô em São Paulo, esse último, apontou, sendo hoje investigado por instituições da Suíça. Aécio rebateu dizendo que esses casos foram investigados e as pessoas não foram condenadas por falta de provas. Dilma, por sua vez, disse achar "estarrecedor" que Aécio ache que essas pessoas não foram condenadas por serem inocentes. Segundo ela, isso aconteceu porque não foram investigadas.
Abertura
Na abertura do debate, tanto Aécio como Dilma usaram estratégias testadas em outros confrontos. Aécio afirmou que o ciclo do PT no governo federal fracassou. "O Brasil é um cemitério de obras inacabadas", disse e criticou a condução da economia. Aécio propôs combater a inflação com "extrema firmeza e determinação". Colocou-se novamente como candidato não apenas do PSDB, mas de um "projeto generoso, de união e de integração nacional".
Dilma se colocou como representante do projeto que diminuiu a exclusão social. "Represento o projeto que construiu as bases para Brasil mais moderno, mais inclusivo e mais produtivo", disse Dilma. E repetiu querer continuar a criar oportunidades para todos.