Com o discurso de que é preciso manter o empenho até o final na busca de votos para reverter o resultado das pesquisas, uma multidão de apoiadores do presidenciável Fernando Haddad (PT) tomou conta do centro do Recife neste sábado (20), em uma marcha que começou na Praça do Derby e seguiu pela Avenida Conde da Boa Vista até a Praça da Independência. Em um trio elétrico, locutores pediam reiteradas vezes à militância que se mantivesse nas ruas até o último dia para tentar conquistar mais votos. A marcha reuniu menos gente do que o Ele Não, ainda no primeiro turno. O PT anunciou 30 mil pessoas.
“Estamos fazendo um bom combate. Uma semana pode ser muita coisa no Brasil em uma eleição tão instável, tão indefinida e com tantas variáveis subjetivas. Nós não podemos desistir. Temos que ir até a última hora tentando reverter”, afirmou a vice-governadora eleita Luciana Santos, presidente nacional do PCdoB.
O vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira (PCdoB), defendeu que na última semana os partidos pró-Haddad precisam continuar brigando para ampliar apoios. “Devemos continuar juntando mais forças, venham de onde vierem. Inclusive de setores conservadores, mas que têm compromisso com a democracia”, justificou. Apesar disso, apenas políticos de esquerda, como o senador Humberto Costa (PT), participaram da manifestação no Recife.
“É importante (esse ato). Mostra que as pessoas não jogaram a toalha. A gente está engajado em virar os votos dia-a-dia como nós fizemos em 2014. Na época, as pesquisas mostravam uma projeção muito diferente do que aconteceu nas urnas. E aqui em Pernambuco foi um grande exemplo de engajamento que a gente teve”, defendeu a deputada federal eleita Marília Arraes (PT).
Aos gritos de “Ele Não”, a militância cruzou a Avenida Conde da Boa Vista ao som do tradicional maracatu, mas também de um repertório variado que foi de “Treme Treme”, da pernambucana MC Loma, a “Dog Days Are Over”, da banda britânica Florence and The Machine. Uma dupla de malabaristas abria o caminho da marcha, que seguiu com tranquilidade.
O único momento de tensão ocorreu quando três carros tentaram furar o bloqueio para fazer um retorno e manifestante se puseram a frente dos veículos. O secretário estadual de Turismo, Márcio Stefanni, ajudou a apaziguar os ânimos. Em outro ponto, a militância petista colou dezenas de adesivos de Haddad em uma casa cuja fachada havia um banner do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). Camisetas contra o candidato do PSL eram vendidas a R$ 20 e botons custavam R$ 3.
Militância
A advogada Raíssa Souto Maior, de 27 anos, disse que participou da marcha porque Haddad é o único candidato que ela acha que irá defender a democracia. “Eu venho de uma família que sempre foi contra a ditadura militar. A gente teve primos que foram mortos, que foram presos e sumiram. Se tivesse um coentro (disputando) contra Bolsonaro, eu votaria nesse coentro”, prometeu.
A dona de casa Maria da Penha, de 60 anos, levou a neta Aila, de 3 anos, porque disse que no futuro, quando ela entendesse o que significou essa eleição, teria orgulho da avó. “Vim para reforçar a candidatura do Haddad. Pelo que ele representa para as mulheres e para o País, a gente tem que buscar todos os votos. Se as pessoas prestassem atenção ao que o outro louco está dizendo, ninguém precisaria fazer campanha contra ele”, criticou.
Neste domingo (21), os blocos Eu Acho É Pouco, Amantes de Glória, Enquanto Isso na Sala da Justiça e outras 12 agremiações saem em desfile do Largo do Amparo, em Olinda, a partir das 15h, também em apoio a Haddad no segundo turno da corrida presidencial.