Em artigo publicado na terça-feira (11) em um jornal de Goiânia, o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, fez ameaças a “amigos” e a “quem considerava companheiro de jornada” e prometeu reagir de forma a fazer a “caixa de Pandora” parecer “brincadeira de criança”. Sem citar nomes, menciona as “principais sangrias dentro desse governo” e se queixa do tratamento dado a sua mulher, Andressa Mendonça, após evento no Palácio das Esmeraldas, sede e residência oficial do governador Marconi Perillo (PSDB).
“Se quiserem saber onde estão os maiores problemas e as principais sangrias dentro desse governo é só encarar a briga que estou pronto para o embate. Em bom brasileirês (sic) falo com a cabeça erguida e com o peito arfante: cai pra dentro quem quiser que eu sustento o desafio. Escolham as armas”, escreveu Cachoeira no Diário da Manhã. A assessoria de Perillo informou que o tucano não vai comentar o assunto.
A ira de Cachoeira foi despertada pelo tratamento que teria sido dispensado pelo governo a Andressa, em um desfile beneficente realizado no Palácio das Esmeraldas na última sexta-feira. Segundo o empresário, ela foi convidada a participar do evento, organizado pela primeira-dama de Goiás, Valéria Perillo, cujo ingresso custava R$ 350. “No momento em que esteve no Palácio foi cortejada pelos poderosos e bem tratada, principalmente pela generosa contribuição que deixou.”
A presença de Andressa no evento, no entanto, teria sido negada pela assessoria de Perillo a jornalistas que queriam saber quem esteve no desfile. Segundo Cachoeira, o governo chegou a negar que sua mulher tivesse sido convidada - ela teria ido por conta própria, segundo o relato. “Bastou que se retirasse para que fosse renegada, tal a uma doente que não se quer por perto.”
Em defesa da mulher, Cachoeira afirma que um homem pode suportar privações como “ter amigos e ser abandonado por eles quando a sorte sobrevém” ou “ser apunhalado por quem considera companheiro de jornada”, mas jamais permitir que sua “cara-metade” seja ofendida.
PANDORA - “Não cometam a insanidade de tentar atingir de forma tão rastejante minha esposa porque não vão gostar nem um pouco de conhecer o peso de minha mão. A caixa que Pandora abriu e permitiu que as desgraças se abatessem sobre os homens será brincadeira de criança diante do que posso perpetrar para defender a honra e a dignidade minha e de minha família”, ameaçou o empresário.
As ligações entre Cachoeira e políticos de Goiás, incluindo Perillo, veio à tona após a deflagração da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que investigou a exploração de jogos ilegais no Centro-Oeste. O caso levou à cassação do senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO).
Condenado a 39 anos por crimes como peculato, corrupção e formação de quadrilha, Cachoeira foi preso em fevereiro de 2012 em uma casa que pertenceu a Perillo. Ficou na cadeia até novembro. Em depoimento à CPI do Cachoeira, Perillo negou envolvimento com o empresário. Colaborou Marília Assunção.