Os nove condenados do Mensalão que chegaram na noite deste sábado (16) a Brasília foram encaminhados diretamente para a penitenciária da Papuda, apesar dos protestos de advogados, que consideram a decisão um constrangimento ilegal para os condenados a regime semiaberto. José Dirceu, José Genoino, Marcos Valério, Cristiano Paz, Kátia Rabello, Ramon Hollerbach, Simone Vasconcelos, Romeu Queiroz e Roberto Salgado, que vieram de São Paulo e Minas Gerais, se uniram a Delúbio Soares e Jacinto Lamas, que se entregaram na capital federal.
O grupo chegou por volta de 19h, em um avião da Polícia Federal, e foi retirado do hangar especial no aeroporto de Brasília em uma van, acompanhada de escolta policial. Os presos foram levados diretamente para a ala federal da Papuda. É lá que está também o deputado federal Natan Donadon, condenado a 13 anos de prisão formação de quadrilha e peculato.
Os presos ficarão à disposição da Vara de Execuções Penais Distrito Federal até que a Justiça determine o local definitivo de cumprimento da pena. Até agora, no entanto, o juiz responsável, Ademar de Vasconcelos, não recebeu nenhum pedido do Supremo Tribunal Federal. “Não tenho nenhuma informação do STF ainda, não recebi nada, não estou sabendo de nada”, disse o juiz ao Estado.
A aeronave saiu de São Paulo transportando o ex-ministro José Dirceu e o deputado federal José Genoino e fez escala em Belo Horizonte, onde outros sete presos embarcaram - Marcos Valério, operador do esquema; Cristiano Paz e Ramon Hollerbach, ex-sócios de Valério; Simone Vasconcelos, ex-funcionária de Valério; Romeu Queiroz, ex-deputado pelo PTB; Kátia Rabello, ex-presidente do Banco Rural; e José Roberto Salgado, ex-dirigente do Banco Rural.
Em Brasília, já estavam detidos Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, e Jacinto Lamas, ex-tesoureiro do PL (atual PR), que se entregaram na capital federal.
A transferência para Brasília foi necessária porque cabe ao juiz da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal executar as penas. No entanto, os réus poderão pedir para cumprir a pena nas cidades onde moram.
As prisões dos condenados foram decretadas nesse sábado (15) pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa. O último réu a apresentar-se à Polícia Federal foi o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, em Brasília. Os outros réus se entregaram nesta sexta-feira.
FORAGIDO - O único acusado foragido é o ex-diretor de marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato. Ele foi condenado a 12 anos e sete meses de prisão no processo do mensalão. Pizzolato passa a ser procurado pela Interpol. Uma foto dele foi enviada para todas as polícias do mundo em um sistema chamado de Difusão Vermelha.
Pizzolato está foragido do Brasil e usará sua dupla cidadania para tentar novo julgamento na Itália. O ex-diretor do BB teria deixado o País há 45 dias. Ele teria fugido por terra, por Pedro Juan Caballero, no Paraguai. De lá, ele foi para a Itália. Na sexta-feira (15), o STF expediu mandado de prisão contra 12 condenados e apenas Pizzolato não se apresentou.
DEFESA - A defesa do ex-presidente do PT e deputado federal licenciado José Genoino (SP) entrou no Supremo Tribunal Federal com um pedido para garantir a ele direito de ser preso em regime semiaberto. Na petição, anexada ao processo do mensalão, o advogado Luís Fernando Pacheco cobra que ele seja imediatamente colocado nesse regime e argumenta que ele não pode ser levado para a penitenciária da Papuda, em que há presídio em regime fechado.
Genoino começará a cumprir 4 anos e 8 meses de prisão por sua condenação por corrupção ativa. Terá de cumprir o regime semiaberto - no qual, com autorização da Justiça, poderá sair da prisão durante o dia e dormir na cadeia - por pelo menos 9 meses e 10 dias, correspondente a um sexto da pena. No ano que vem, o Supremo vai decidir se mantém a condenação dele por outro crime, o de formação de quadrilha, pelo qual foi condenado a 2 anos e 3 meses de prisão.