Com a voz embargada, o governador João Lyra Neto (PSB) anunciou, na tarde de ontem, luto oficial de sete dias em virtude da morte do ex-governador Eduardo Campos. Depois de se reunir com lideranças políticas do Estado e com familiares de Eduardo, Lyra informou que estava viajando a São Paulo para acompanhar os trâmites para a vinda do corpo, velório e enterro. Durante todo o pronunciamento, que ocorreu na sede do Palácio do Campos das Princesas, Lyra visivelmente não conseguia controlar a emoção.
“Quero me dirigir ao povo de Pernambuco e ao povo brasileiro num dos momentos mais difíceis da minha vida. Perdi um amigo e perdi o grande líder político que Eduardo se tornou durante sua trajetória política, chegando a ser candidato a presidente da República. Eu quero levar ao povo de Pernambuco e ao povo brasileiro a minha palavra de solidariedade, a minha palavra de muita tristeza, mas ao mesmo tempo de muita esperança”, disse, em seu discurso.
Lyra foi eleito vice-governador na chapa de Eduardo Campos em 2006 e 2010 e assumiu a gestão com a saída do correligionário para disputar a Presidência. Próximo a Eduardo, o atual governador falou sobre a trajetória política ao lado do socialista. “Desde o tempo em que ele era secretário de dr. Arraes e eu era deputado líder do seu governo, construímos uma amizade muito firme, uma amizade de muita independência, mas de muita convergência, de cumplicidade e solidariedade”, contou.
A movimentação do Palácio do Campos das Princesas foi intensa na tarde de ontem. Deputados estaduais, federais, ex-secretários e atuais auxiliares circularam pela sede do governo. O clima de tristeza era visível no semblante de todos, até dos que fizeram dura oposição à Eduardo, a exemplo da deputada estadual Terezinha Nunes (PSDB). Após o pronunciamento de Lyra, o presidente da Assembleia Legislativa, Guilherme Uchoa (PDT), falou sobre a perda. “Não perdi só um companheiro, perdi irmão, um amigo, uma pessoa em que procurava me espelhar. Todo mundo conhece a minha afinidade com ele”, afirmou.
REPERCUSSÃO
Por meio de nota, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), informou que decretou luto oficial por três dias no Congresso e que será marcada uma sessão solene no Senado em memória do ex-governador. “É com profundo pesar que lamento a morte tão precoce e trágica do candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos. Uma tragédia que deixa o Brasil chocado e surpreso”, disse, na nota.
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), também lamentou a morte do ex-governador e informou que a Casa vai realizar na próxima terça-feira, sessão solene em homenagem a Eduardo. Eleito ontem para a Presidência do STF, o ministro Ricardo Lewandowski lamentou, em nota, o falecimento de Eduardo. “Em nome pessoal e da Corte, o Ministro Lewandowski expressa o seu sentimento de pesar e presta condolências à família”, declarou, em nota.