A postura de Renata Campos no velório de Eduardo Campos surpreendeu a quem esperava ver uma mulher corroída pela dor. A tristeza pela morte do parceiro ficou em segundo plano diante da força mostrada para confortar os filhos, demais familiares e amigos. E a partir de agora a imagem da viúva do socialista será cada vez mais presente na política e diante dos pernambucanos. Renata convocou os integrantes dos 21 partidos que compõem a Frente Popular liderada até então por Eduardo para uma reunião que será realizada a partir das 10h na casa de recepções Blue Angel, no bairro da Madalena.
O encontro bem que poderia ser festivo, já que ex-primeira-dama completa hoje 47 anos. Mas não será. A viúva conversará com os integrantes da Frente Popular para tratar do futuro. O evento tem o objetivo de injetar ânimo nos integrantes da Frente Popular. Presidentes de partidos, candidatos proporcionais e as principais lideranças políticas do Estado foram convocadas. A previsão é de que apenas Renata Campos, Paulo Câmara e Raquel Lyra discursem no evento. Raquel vai falar em nome do governador João Lyra Neto. “Ela (Renata) certamente vai liderar o processo político em Pernambuco porque tem as condições pessoais, políticas e morais para isso. Prova disso é que em meio a toda a dor convocou a reunião. É uma missão grandiosa”, destacou o deputado federal Raul Henry (PMDB), que também é o candidato a vice-governador pela Frente Popular.
A missão de Renata não será das mais fáceis. Com Eduardo um pouco mais afastado de Pernambuco para tocar a campanha presidencial, houve momentos de estremecimento na Frente Popular. As chances de debandadas ainda se tornam maiores quando se soma a lacuna deixada pelo ex-governador ao fato de que o candidato da coligação ao governo estadual, Paulo Câmara (PSB), não vai bem nas pesquisas de intenção de votos.
Para os integrantes da Frente Popular, apesar das dificuldades, esse é o momento de o grupo político mostrar unidade e defender o legado deixado por Eduardo Campos. Sileno Guedes, presidente estadual do PSB, ressaltou que a responsabilidade da Frente é ainda maior com a ausência do ex-governador. Ele lembrou da densidade política de Renata Campos e destacou que ela terá uma função estratégica a partir de agora. “Renata sempre foi presente e agora ela está com este mesmo espírito que a gente está aqui, de saber que nada foi à toa. A gente não pode sepultar (Eduardo) e achar que as coisas acabaram. Se fosse assim, teria sido tudo em vão”, afirmou.
O sentimento de responsabilidade pela condução da Frente Popular está presente entre os principais líderes do partido. Candidato ao Senado pelo PSB, Fernando Bezerra Coelho disse que essa eleição é uma questão de honra. “Vamos construir uma grande vitória da Frente Popular”, afirmou para depois destacar o papel de Renata na condução do processo.
Nome de confiança da Frente Popular, o ex-secretário da Casa Civil Tadeu Alencar destacou que o momento vai exigir ânimo da “tropa”. Ele destacou que essa seria a vontade de Eduardo Campos, caso ainda estivesse vivo. “É um momento que exige unidade mais unidade mais responsabilidade. Ele tinha o costume de dizer: ‘o trabalho começa hoje’. Disse isso na sua posse de 2011”, lembrou.