Para tentar diminuir a resistência do nome da ex-ministra Marina Silva entre o setor agrícola brasileiro, o PSB está compilando em um documento as propostas feitas há duas semanas pelo então candidato Eduardo Campos, em uma sabatina na Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
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A ideia - defendida pela ala do partido com bom trânsito no setor produtor rural - é tentar convencer Marina, que deve assumir a cabeça de chapa socialista após a morte de Campos em um acidente aéreo, a subscrever o texto numa tentativa de acalmar o setor. Um aceno ao segmento é visto como importante também para diminuir perdas de arrecadação entre o agronegócio com a substituição da candidatura.
Responsável por mais de 40% das exportações e por cerca de 23% do Produto Interno Bruto (PIB) do País, o agronegócio nutre forte resistência com relação a Marina. Quando ministra do Meio Ambiente, no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marina e o segmento entraram em rota de colisão em diversas ocasiões.
"A Marina tem que fazer um gesto: se despir de convicções individuais que ela adotou e que radicalizaram com o agronegócio", afirmou ao Broadcast Político Odacir Zonta (PSB-SC), ex-deputado federal e principal assessor da campanha de Campos na aproximação com o campo. "É preciso que ela subscreva um documento que se torne carta-compromisso com o setor produtivo".
Dentre os tópicos que devem constar no texto e que foram defendidos por Campos na sabatina da CNA, está o reconhecimento do novo Código Florestal como a legislação ambiental a ser cumprida no País. Nas discussões em torno da norma, o grupo ligado a Marina promoveu uma campanha contra o texto aprovado e posteriormente sancionado pela presidente Dilma Rousseff, por considerá-lo um retrocesso. No evento da CNA, Campos também defendeu a "consolidação" do Cadastro Ambiental Rural (CAR), instrumento para a regularização ambiental de propriedades e posses rurais.
De acordo com Zonta, Marina deverá ainda reconhecer a importância do agronegócio para o País, fundamental para o emprego, a renda e o desempenho da balança comercial brasileira. No evento da CNA, Campos também advogou pelo fortalecimento do Ministério da Agricultura - que o então candidato apontou como tendo função secundária no atual governo e sendo vítima de loteamento político.
De acordo com Zonta, a ex-ministra também terá de sinalizar ao agronegócio que concorda com investimentos em infraestrutura para o escoamento da safra, que incluem hidrovias na região amazônica. Também precisará apontar que concorda com o uso para a produção de áreas consolidadas e já degradadas. "Todo mundo precisa ceder um pouco."