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'Assopro' de advogado do Cerveró gera bate boca em CPI

Pressionado, Vital do Rêgo afirmou que o defensor de Cerveró não estava na sala da comissão para "conduzir" os trabalhos

Carolina Sá Leitão
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Carolina Sá Leitão
Publicado em 10/09/2014 às 21:21
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Deputados da oposição criticaram o fato de Edson Ribeiro, o advogado do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, ter se comunicado com o seu cliente toda vez que houve perguntas na CPI Mista da Petrobras. Os parlamentares cobraram do presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), que proibisse ambos de conversarem ao pé do ouvido antes das respostas.

Pressionado, Vital do Rêgo afirmou que o defensor de Cerveró não estava na sala da comissão para "conduzir" os trabalhos. "O senhor se porte dentro dos limites da sua atribuição", disse o presidente da CPI mista. O advogado do ex-diretor retrucou inicialmente: "É um direito do réu."

Um dos parlamentares que criticaram a instrução, o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) interveio. "O senhor está de brincadeira comigo", afirmou, ao dizer que foi promotor de Justiça durante 27 anos e nunca tinha visto isso no caso de um investigado. Vital disse que, a partir de então, asseguraria a palavra para o depoente sem que ele consultasse seu advogado. Edson Ribeiro protestou. "O exercício da ampla defesa está sendo violado ao não permitir ao advogado orientar o seu cliente."

Delação

Durante o depoimento, o líder da bancada do Solidariedade na Câmara, deputado Fernando Francischini (PR), sugeriu que ele deveria seguir o exemplo do ex-diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, e fazer delação premiada. Cerveró rechaçou a proposta e disse não se considerar um elo forte ou fraco no negócio da compra da refinaria de Pasadena (EUA). "O senhor tem muito a falar", provocou Francischini. "Não tenho porque ficar preocupado com a delação do Paulo Roberto Costa. Não tenho esse problema", respondeu Cerveró.

Para o ex-diretor, é um erro considerar que a compra de Pasadena trouxe prejuízos a Petrobras e um "absurdo" afirmar que houve crime em Pasadena. "Parte-se de uma premissa equivocada, que Pasadena deu prejuízo", reclamou Cerveró.

Embora tenha dito que não foi treinado para depor hoje à comissão, Cerveró admitiu que participou de um media training na Petrobras quando foi convidado a depor em outras situações no Congresso. Essa é a terceira vez que o ex-diretor é convidado a depor no Parlamento.

Bens

Cerveró disse também que decidiu antecipar a herança aos filhos e que fez a doação de três imóveis. Segundo ele, a transferência de bens não está relacionada com o processo de investigação que envolve a compra da refinaria de Pasadena (EUA).

O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou, no final de julho, o bloqueio preventivo de bens do ex-presidente da empresa José Sérgio Gabrielli, do ex-diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, e de Cerveró. Essa decisão visa, em caso de condenação, a ressarcir os cofres públicos, caso fique comprovado o desvio de US$ 792 milhões. Em seu depoimento nesta tarde, Cerveró fez questão de ressaltar que o bloqueio ainda não está em vigor. Questionado sobre sua relação com o doleiro Alberto Youssef, Cerveró disse que não o conhecia e que não sabia a razão pela qual foi chamado a depor como testemunha do doleiro.

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