A presidente e candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT), reafirmou na noite desta quinta-feira (18) que seu governo deu autonomia para a Polícia Federal (PF) para investigar casos de corrupção e disse que o grande "patrocinador" da corrupção é a impunidade. "Nunca se investigou tanto. Se você não investiga não acha", disse ao Jornal da Record. Segundo Dilma, uma das medidas práticas tomadas pelo governo é justamente a autonomia da PF para investigar "quem quer que seja".
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Dilma disse ainda que é preciso acabar com o financiamento de campanha para inibir ilícitos. "O crime de corrupção é encoberto", disse. "O fim do financiamento empresarial é fundamental" para acabar a corrupção, completou. Ela voltou a defender a reforma política e disse que sua realização "é urgente".
A presidente afirmou ainda que é preciso investigar e ter provas concretas para que possa haver punições. "Acho que é fundamental garantir que haja provas consistentes. Se você tiver o perdão, não punir, não tiver como assegurar que a impunidade não ocorra, você não acaba com a corrupção", disse.
Ao ser questionada sobre o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, acusado de participar de esquema de propina que envolvia políticos aliados, Dilma reforçou que o ex-diretor trabalhava há 30 anos na estatal e também já ocupou cargos importantes durante a gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). "Nesse cargo (de diretor) ele estava há 10 anos, mas antes ele foi diretor da Gaspetro no governo FHC", disse.
Dilma voltou a dizer que "achar casos de corrupção não é algo simples" e que no caso específico do Costa "não houve indícios (de crime) antes". "Os crimes de corrupção não são visíveis", disse, ressaltando que a PF e o Judiciário estão investigando o caso.
Desejo de mudança
Questionada sobre o alto índice de desejo de mudança dos brasileiros, como têm apontado as pesquisas, Dilma afirmou que esse processo é natural, pois "todo mundo quer mudar para melhor". "Todo mundo quando conquista algo de bom quer mudar, para melhor, ninguém quer voltar para trás, todo mundo quer avançar", disse.
Dilma disse ainda que toda política tem de estar centrada no fato de que "as conquistas significam apenas o começo". Ela falou ainda do programa Mais Médicos e negou que ele tenha sido formulado apenas para atender às reivindicações das manifestações de junho do ano passado. "É um programa complexo que tivemos que construir antes (das manifestações)", disse. Ela explicou que na ocasião precisou "tomar uma atitude drástica" de trazer médicos de fora.
A presidente disse ainda que pretende avançar no programa e implementar o Mais especialidades. "Nós não temos médicos suficientes, ou entendemos isso ou vai ser muito difícil fazer política de saúde", disse, explicando que demora seis anos para formar médicos e que os profissionais trazidos do exterior só podem se dedicar a atenção básica da saúde. "Vamos fazer o mais especialidades, porque hoje nós temos menos pressão sobre os médicos existentes. Não tenho todos os prefeitos querendo contratar médicos", explicou, exaltando que o Mais Médicos hoje atende 50 milhões de pessoas.
Defesa do PT
Dilma foi questionada pelos jornalistas sobre a pouca exposição do símbolo do PT, a estrela vermelha, em seus programas eleitorais. Questionada se estaria querendo esconder o partido ela rebateu: "de maneira nenhuma". "Tanto é assim que (no programa) aparece eu, o Lula e o PT sim senhor", disse ao jornalista.
Ela explicou que em todos os seus atos de campanha existem bandeiras do partido e camisetas vermelhas, mas justificou que é preciso respeitar a coligação e os demais partidos que a integram. "Cada partido tem o seu símbolo e eu sou candidata de toda essa base", disse.
'O minuto é meu'
No fim da entrevista, ao começar a falar em defesa de sua política econômica e reforçar que o anúncio de que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, não fará parte de um eventual segundo governo se deve a uma decisão pessoal dele, Dilma foi interrompida pela jornalista que lhe avisou que era o minuto final da entrevista. A apresentadora sugeriu: "Presidente, você está no seu minuto final, mas pode continuar falando de economia". Dilma então rebateu: "Não. O minuto é meu" e encerrou a entrevista destacando o fato de a Organizações das Nações Unidas (ONU) ter retirado o Brasil no mapa da fome.
Ele disse ainda que os brasileiros "continuam trilhando para a classe média" e disse que trabalha para ter um País cada vez "mais moderno, mais inclusivo e mais competitivo". Por fim, Dilma reforçou que o centro de seu próximo governo será a educação e "o combate a corrupção sem trégua".