O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, alvo da Operação Lava Jato, afirmou que a empreiteira Odebrecht foi a responsável pelo pagamento de US$ 23 milhões (cerca de R$ 57 milhões) que ele recebeu na Suíça entre 2010 e 2011. A revelação foi feita durante um dos depoimentos que Costa prestou após o acordo de delação premiada acertado com o Ministério Público Federal.
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A informação foi publicada na edição desta quinta-feira, 2, da Folha de S.Paulo. Segundo o jornal, o fato foi relatado por quatro pessoas envolvidas nas investigações da Operação Lava Jato, realizada pela Polícia Federal.
No período em que ocorreram os depósitos, Costa era diretor de Abastecimento da estatal e responsável pela obra da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Em consórcio com a construtora OAS, a Odebrecht ganhou o terceiro maior contrato das obras da refinaria.
Esta é a primeira vez em que a Odebrecht aparece citada na Operação Lava Jato, que, segundo a PF, encontrou indícios de pagamentos de propina realizado por empreiteiras e fornecedores da Petrobras. De acordo com a reportagem, a Odebrecht nega ter feito qualquer pagamento ao ex-diretor da estatal.
Após passar três meses preso em Curitiba, Costa cumpre, desde quarta-feira, prisão domiciliar no Rio. Para isso, ele concordou em pagar R$ 5 milhões em multas, devolver os US$ 23 milhões de que dispunha em contas no exterior e também terrenos, uma lancha e um carro que teria recebido do doleiro Alberto Youssef, que está preso, considerado pela PF o chefe do esquema de lavagem de dinheiro.
Confira a íntegra da nota enviada pela Odebrecht:
A Odebrecht nega veementemente ter feito qualquer pagamento ou depósito em suposta conta de qualquer diretor ou ex-diretor da Petrobras. A Odebrecht mantém, há décadas, contratos de prestação de serviços com a Petrobras, todos conquistados de acordo com a lei de licitações públicas.
A empresa repudia a divulgação, pela Folha de S. Paulo, de notícia totalmente leviana, falaciosa, baseada em suposto vazamento ilegal de informações especulativas e desprovidas de qualquer fundamento fático. E lamenta que pretenso vazamento como este - feito ao arrepio da lei e em período pré-eleitoral - ocorra sem que a reportagem do jornal tenha tido acesso aos termos da delação e a qualquer documento que possa embasar a sua notícia.
Neste sentido, é de estranhar a postura da Folha, que contradiz a "cautela" com supostos vazamentos de informações inverídicas em procedimentos de delação premiada, recomendada pelo editorial do jornal ('Petrobras como prêmio'), publicado no último dia 9 de setembro.