Demitido do comando da Diretoria de Abastecimento da Petrobras três meses antes, o engenheiro Paulo Roberto Costa foi o convidado especial do presidente da Transpetro, Sérgio Machado, na incorporação do navio Sérgio Buarque de Holanda à frota petroleira nacional.
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A cerimônia aconteceu na manhã de 9 de julho de 2012 no estaleiro Mauá, em Niterói (cidade na região metropolitana do Rio). Em discurso, Machado enalteceu a atuação de Costa na Petrobras. "Paulo Roberto, você foi companheiro e parceiro nesta travessia (a de recuperação da indústria naval brasileira). Nas horas difíceis, você nunca faltou", saudou o presidente da Transpetro.
Em depoimento nesta quarta-feira (8) à Justiça Federal em Curitiba, Costa afirmou que Machado integrava um esquema criminoso que envolvia pagamentos de suborno de até milhões de dólares e financiamento fraudulento de partidos políticos. O presidente do Transpetro, no cargo há 11 anos, negou participação no suposto esquema, de acordo com nota divulgada por sua assessoria. "Trata-se de uma afirmação absurda e falsa", diz ele no documento.
A presença de Paulo Roberto Costa no estaleiro niteroiense na entrega do petroleiro surpreendeu os convidados, entre eles o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. O ex-diretor caíra em uma espécie de ostracismo após ser demitido em abril pela presidente da Petrobras, Graça Foster, que assumira em fevereiro daquele ano.
Embora convidada, Graça faltou à cerimônia e não mandou representantes, o que era incomum. Em 25 de maio de 2012 - menos de dois meses antes -, ela estivera na entrega à Transpetro do petroleiro João Candido, no Estaleiro Atlântico Sul, em Ipojuca (cidade 55 km ao sul de Recife).
Questionado naquela manhã pelo jornal O Estado de S. Paulo sobre a presença de Paulo Roberto Costa e a ausência de qualquer diretor da Petrobras na solenidade, Machado respondeu: "Paulo Roberto participou do programa, teve papel importante. Recentemente saiu da Petrobras e não tinha porque não convidá-lo. (... ) Claro que convidei todo mundo. Você acha que eu ia deixar de convidar? Machado também alegou que a "agenda de um diretor da Petrobras é muito intensa".