Brasília

Oposição quer 'mais do nunca' ida de Duque à CPMI

Renato Duque seria o operador do PT na Petrobras e a diretoria sob seu comando entre 2003 e 2012 repassaria parte dos contratos para o partido

Karol Albuquerque
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Karol Albuquerque
Publicado em 14/11/2014 às 14:44
Foto: VANDERLEI ALMEIDA / AFP
Renato Duque seria o operador do PT na Petrobras e a diretoria sob seu comando entre 2003 e 2012 repassaria parte dos contratos para o partido - FOTO: Foto: VANDERLEI ALMEIDA / AFP
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Poucas horas depois de a Polícia Federal ter prendido o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, a oposição acusou o governo de ter blindado o dirigente nesta semana e argumentou que agora "mais do que nunca" a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura irregularidades na estatal precisa convocá-lo.

De acordo com as investigações, Duque seria o operador do PT na Petrobras e a diretoria sob seu comando entre 2003 e 2012 repassaria parte dos contratos para o partido. 

"A bancada do governo esvaziou a CPI para impedir a convocação do Duque. Agora mais do que nunca a CPI precisa chamá-lo", defendeu o líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho (PE). "Ele foi preso e isso demonstra que estávamos no caminho certo", corroborou o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), que é membro da comissão.

Nesta terça-feira (11), o presidente da CPI mista da Petrobras, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), encerrou a reunião do colegiado sem colocar em votação os requerimentos para convocar Duque e o presidente licenciado da Transpetro, Sérgio Machado. A manobra gerou protestos dos oposicionistas e parlamentares da base ouvidos pelo Broadcast Político, serviço em tempo real da Agência Estado, reconheceram que, sem a ação de Vital, os requerimentos teriam sido aprovados.

Mesmo defendendo a convocação, os deputados da oposição dizem que uma oitiva de Duque agora pode produzir poucos resultados. "Isso dificulta um pouco o andamento da CPMI, porque ele também pode entrar na delação premiada e acaba impedido de falar o que poderia falar", argumenta o deputado Izalci (PSDB-DF), também integrante do colegiado. "Pode ser que ele não fale." 

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, delator de um esquema de pagamento de propinas montado na petroleira a partidos políticos aliados do Palácio do Planalto, chegou à comparecer à CPMI, mas se manteve em silêncio para não comprometer o acordo acertado com a Justiça Federal. 

Além disso, um requerimento a Duque pode esbarrar também no pouco tempo de trabalho que resta para a CPMI, que se encerra dia 23 de novembro - com possibilidade de prorrogação de um mês. A oposição já articula o recolhimento de assinaturas para instalar uma nova comissão na próxima legislatura. 

"Não vamos deixar de convocar. Isso serve para a gente preparar a CPI da próxima legislatura", diz Delgado. "Queremos aprovar tudo, mesmo que não dê tempo de apurar. Vamos ouvir todo mundo e o que não der tempo será usado na próxima CPI que será instalada", acrescenta Izalci.

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