A presidenta Dilma Rousseff disse que as investigações sobre o escândalo envolvendo a Petrobras mudará, de forma definitiva, as relações entre sociedade, Estado e empresas no Brasil. Segundo ela, este não é o primeiro escândalo do tipo no país, mas o primeiro a ser investigado, o que mudará “para sempre” o país no que se refere ao combate à impunidade, até porque, ressaltou, há possibilidades de que a origem do atual escândalo seja justamente os escândalos anteriores que não foram investigados.
Presidenta Dilma Rousseff durante entrevista coletiva após a Cúpula G20 ( Roberto Stuckert Filho/PR)
As declarações foram feitas na madrugada deste domingo (16), na Austrália, após a presidenta ter participado da Sessão Plenária da Cúpula do G20. “A grande diferença dessa questão é o fato dela estar colocada à luz do sol, porque esse não é, de fato, e eu tenho certeza disso, o primeiro escândalo. Agora, ele é o primeiro escândalo investigado, o que é diferente. Isso eu acho que mudará para sempre as relações entre a sociedade brasileira, o Estado brasileiro e as empresas privadas”, disse.
Dilma Rousseff destacou o fato de, pela primeira vez em sua história, o Brasil trata de forma “absolutamente aberta” um caso dessa dimensão. “Há aí uma diferença substantiva, e eu acho que isso pode de fato mudar o país para sempre, no sentido que vai se acabar com a impunidade. Esta é, para mim, a característica principal dessa investigação. É mostrar que ela não é algo engavetável”, ressaltou.
Perguntada sobre se o caso não pode prejudicar internacionalmente a Petrobras, uma vez que a empresa atua em diversas bolsas de valores, ela disse que, também no âmbito internacional, não é a primeira vez que uma empresa petrolífera se vê envolvida em denúncias de corrupção, e que, portanto, não acredita que ela venha a ser condenada pelo fato de, dentro do quadro, haver uma absoluta minoria de funcionários corruptos.
“Não é monopólio da Petrobras ter processos de corrupção. Quero lembrar que um dos grandes escândalos de corrupção investigados no mundo foi o da Enron, que é uma empresa privada. Então, não é monopólio da Petrobras ser investigada por processos internos de corrupção. A maioria absoluta, quase, dos membros da Petrobras, dos funcionários, não é corrupta. Agora, tem pessoas que praticaram atos de corrupção dentro da Petrobras. Então não se pode pegar a Petrobras e condenar a empresa. O que nós temos de condenar são pessoas. Pessoas dos dois lados: os corruptos e os corruptores”, disse.
Para a presidenta, o caso representa uma “questão simbólica” para o Brasil. “Acho que é a primeira investigação efetiva sobre corrupção no Brasil que envolve segmentos privados e públicos. A primeira que vai a fundo. Agora, nós podemos listar uma quantidade imensa de escândalos no Brasil que não foram levados a efeito. E, talvez, sejam esses escândalos que não foram investigados, que são responsáveis pelo que aconteceu na Petrobras”.