Ex-ministra da Cultura, a senadora Marta Suplicy (PT-SP) admitiu nesta terça-feira (18) que pode deixar o PT para disputar a prefeitura de São Paulo em 2016 ou mesmo o governo do Estado, daqui a quatro anos. Ao citar parecer do procurador-geral da República de que senadores podem deixar seus partidos sem perder os mandatos, Marta disse que terá "tempo para pensar" sobre sua decisão.
"Um senador pode deixar o seu partido sem perder o mandato, isso o Janot [procurador-geral da República] já se pronunciou nesse sentido. Eu tenho que avaliar as condições do partido, como o partido vai se repensar, como vão ser as condições", afirmou.
Marta disse que, se decidir disputar a prefeitura de São Paulo, tem um ano para tomar a sua decisão já que a legislação fixa o prazo de um ano antes da disputa para que o candidato esteja filiado à sigla pela qual vai concorrer ao cargo eletivo.
"Se eu quiser sair do partido para disputar uma prefeitura eventualmente, eu tenho um ano para fazer. Se eu quiser sair mais para frente para disputar um governo, eu tenho três anos para fazer. E se eu avaliar que é melhor ficar no partido por razões que o partido realmente é um partido que eu ajudei a fundar, é um partido que todos os meus sonhos estavam depositados e que vale a pena ficar dentro do partido, eu ficarei", disse Marta.
A lei da fidelidade partidária determina que, se um político deixar a sigla, o mandato pertence ao partido, e não a ele próprio. As exceções valem apenas para casos de incorporação ou fusão da legenda, criação de partido, grave discriminação pessoal ou mudança substancial no programa partidário --o que não se aplica à insatisfação de Marta com o PT.
Parecer de Rodrigo Janot encaminhado ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em 2013, porém, disse que candidatos eleitos em eleições majoritárias podem trocar de partido sem perder o mandato, como é o caso do Senado.
Dentro do PT, a saída de Marta não é descartada porque a senadora estaria disposta a concorrer à Prefeitura de São Paulo em 2016, mas o prefeito Fernando Hadadd (PT) é o nome com apoio da cúpula da sigla para concorrer à reeleição.
O PMDB estaria disposto a receber a senadora na sigla para disputar a prefeitura, mas a petista não confirmou se eventualmente manteve alguma conversa com os peemedebistas.
DISCURSO
Depois de deixar o governo Dilma na semana passada com críticas à presidente e à política econômica, Marta retomou nesta terça seu mandato no Senado e discursou por quase uma hora na tribuna da Casa. A petista propôs um pacto com a oposição em defesa da democracia com o objetivo de minimizar movimentos favoráveis ao retorno do regime ditatorial no país.
"O momento é o da união nacional em torno da retomada do crescimento e da preservação das conquistas populares. A estabilidade democrática é um bem inalienável. Neste momento em que retorno a esta Casa, esta que foi, e é símbolo e baluarte da democracia e das liberdades, quero conclamar a todos para que façamos um grande pacto, forte, permanente e perene, pela defesa intransigente da democracia", afirmou.
Apesar das críticas a Dilma manifestadas em carta encaminhada à presidente, Marta disse que o governo recém-eleito da petista vai precisar do parlamento para "fazer frente aos grandes desafios". "Ao lado de meus pares, volto para somarmos esforços em torno das grandes bandeiras do avanço e da modernidade."
Ao final do discurso, Marta disse que "falou o que tinha que falar" ao deixar o governo e disse que não vai "ficar repisando leite derramado".
"O que foi feito, foi feito. Vamos ver daqui pra frente o que é que acontece", disse.
Marta deixou o governo no dia 11 entregando uma carta de demissão em que faz críticas à presidente Dilma Rousseff ao desejar que ela "seja iluminada" na escolha de uma nova equipe econômica "independente", que resgate a confiança e a credibilidade do governo.