O presidente do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), Antonio Gustavo Rodrigues, disse nesta quarta (19) que a instituição detectou mais de 4.000 pessoas físicas e o mesmo volume de empresas que tiveram transações suspeitas entre 2011 e este ano.
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Segundo Rodrigues, essas 4.322 pessoas físicas e 4.298 pessoas jurídicas são investigadas na Operação Lava Jato, apuração da Polícia Federal que resultou na semana passada na prisão de 21 executivos --sendo três presidentes-- das mais importantes empreiteiras do país e de um ex-diretor da Petrobras.
No período, o Coaf --unidade de inteligência do governo federal-- identificou "movimentações financeiras atípicas" do grupo totalizando R$ 23,7 bilhões, dos quais quase R$ 900 milhões em dinheiro. A informação foi publicada hoje no jornal "O Globo".
"Encaminhamos 108 relatórios à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal sobre a operação [Lava Jato]. Pode até ter mais pessoas [do que as 4.322]", afirmou Rodrigues à Folha, que está em Teresina participando de uma reunião anual sobre estratégias de combate a corrupção e à lavagem de dinheiro.
Das mais de 20 prisões realizadas desde a semana passada, 11 pessoas foram soltas na noite desta terça-feira (18), mas a Justiça estendeu o período de detenção de cinco executivos das empresas como a Camargo Corrêa, OAS, Mendes Júnior e Engevix.
"Tem gente envolvida com o crime, mas tem gente que não está", disse o presidente do Coaf. "No relatório aparece movimentações anormais envolvendo 4.322 pessoas físicas e 4.298 jurídicas", afirmou.
NOMES REPETIDOS
Ele disse ainda que os números não são exatos, pois pode ter nomes de empresas e de pessoas repetidos. "Após a investigação é que saberemos o número exato", disse o presidente da Coaf.
Segundo Rodrigues, somente neste ano, quase 3.000 relatórios foram feitos pelo Coaf e encaminhados à PF, à Receita Federal e aos Ministério Públicos do Estado e Federal sobre transações financeiras suspeitas. Ele não soube dizer quanto, desse total, se refere a suspeitos da Lava Jato.
Os 108 relatórios ligados a investigados na operação que envolve a Petrobras vêm sendo produzidos pelo Coaf desde 2011. "Nosso papel não é de investigar, mas de alertar para situações fora do normal."
Questionado pela reportagem, Rodrigues disse que não saberia citar nomes de empresas ou pessoas investigadas na Lava Jato.