A poucos minutos do início da sessão do Congresso para uma nova tentativa de votação da manobra fiscal, manifestantes contrários à proposta voltaram a provocar tumulto, desta vez na entrada principal do prédio.
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Diante do reforço da segurança, que tem restringido o acesso, manifestantes cercaram o carro do vice-presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), e cobraram a liberação das galerias do plenário, local que permite ao público acompanhar a manifestação.
Após ouvir gritos de "ditadura!, ditadura!", Chinaglia perguntou quanto os manifestantes estavam recebendo para permanecer no local. Irritado, o petista desistiu de desembarcar e se dirigiu a outra portaria. O Congresso ainda não informou detalhes sobre o acesso de pessoas ao prédio.
A sessão da noite de terça-feira (3) marcada para discutir a manobra fiscal acabou adiada. A votação teve violência Polícia Legislativa contra manifestantes nas galerias do plenário e congressistas da oposição que saíram em sua defesa.
A confusão começou no início dos trabalhos, quando a oposição tentava liberar o acesso dos mais de 200 manifestantes que queriam acompanhar a votação. Foi autorizada a entrada de 50 pessoas na parte superior do plenário.
Em meio à ofensiva da oposição para adiar a análise do projeto de lei que permite ao governo descumprir a meta de economia para pagar juros da dívida pública em 2014, o chamado superavit primário, parlamentares da base aliada começaram a reclamar do protesto, que tinha gritos de "Fora PT", o "PT roubou" e "vá para Cuba".
A temperatura subiu quando a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) disse que a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que discursava, foi chamada de "vagabunda". O presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), suspendeu a sessão para a retirada dos manifestantes.
INVASÃO
Um grupo de 15 deputados da oposição decidiu impedir a saída e foi para as galerias fazer um cordão de isolamento. Mesmo assim, a Polícia Legislativa partiu para cima, com empurrões e truculência. Ruth Gomes de Sá, 79, ligada ao PSDB, levou uma gravata de um segurança.
Um agente chegou a atirar com um taser (arma de descarga elétrica não letal) no professor de história Alexandre Seltz. Ele desmaiou por alguns segundos e foi carregado por parlamentares. No tumulto, o deputado Mendonça Filho (DEM-PE) chegou a rolar as escadas.
Ao longo de mais de uma hora, os manifestantes gritavam "Fora Renan" e "O Congresso é um curral", além de ataques ao governo. Ele se identificaram como integrantes do Movimento Brasil Livre e Democracia Já e reconheceram que foram mobilizados por oposicionistas.
A confusão se estendeu ao plenário, de onde congressistas assistiam à confusão, quando o deputado Felipe Maia (DEM-RN) foi "peitado" pelo colega Assis Melo (PCdoB-RS), que defendia Grazziotin. Aos gritos, o deputado Amauri Teixeira (PT-BA) chamou o colega Domingos Sávio (PSDB-MG) de "seu merda".
Com o impasse, Renan encerrou a sessão e convocou nova votação para esta quarta-feira (3).
GOVERNO EM ALERTA
O novo adiamento colocou o governo em alerta. Os trabalhos do Congresso se encerram em 20 dias.
Antes de analisar a manobra fiscal, deputados e senadores terão que deliberar sobre vetos presidenciais. A oposição vai tentar usar manobras regimentais para prolongar essas votações.
Calheiros disse que a oposição instrumentalizou os manifestantes.
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) rebateu o presidente do Senado. "Isso é uma bobagem. A população brasileira acordou. As pessoas estão participando do que está acontecendo no Brasil."
A oposição anunciou que irá ao STF para suspender o decreto no qual o governo promete a liberação de R$ 444 milhões para verbas de congressistas para seus redutos eleitorais, caso a manobra seja aprovada.