A nomeação de George Hilton (PRB-MG) para o Ministério do Esporte, anunciada nesta terça-feira (23) pelo Planalto, desagradou a ONG Atletas pelo Brasil, liderada por esportistas como o campeão mundial Raí e a medalhista olímpica Ana Moser.
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Em comunicado distribuído nesta segunda-feira, a organização formada por cerca de 60 atletas diz que estão se sentindo "envergonhados e desprestigiados, vendo que o esporte no Brasil continua sendo encarado como algo menor".
No manifesto, a Atletas pelo Brasil destaca que o país está às vésperas dos Jogos Olímpicos do Rio-2016 e esperava uma postura diferente da presidente Dilma Rousseff.
"Às vésperas da Olimpíada, a presidente Dilma abriu mão de uma oportunidade de melhorar a gestão do esporte. Decepcionou todo um setor de atletas, jornalistas, empresários, organizações, trabalhadores e amantes do esporte em geral."
A promoção do megaevento de 2016, que será realizado pela primeira vez na América do Sul, é dividida entre município e Estado do Rio e o governo federal.
"Infelizmente, há anos, o Ministério do Esporte é usado na barganha política. Não se trata de decidir quem seria a melhor pessoa para ocupar o cargo, mas qual partido o terá de acordo com as alianças e que decidirá a seu bel-prazer quem o representará. Nem mesmo uma familiaridade com o tema é observada, o que traz enormes prejuízos ao esporte e ao país em um setor que está à frente de um enorme investimento com os megaeventos esportivos", diz a ONG.
Deputado federal pelo PRB-MG desde 2007, Hilton assume o cargo no lugar de Aldo Rebelo, do PC do B -partido que chefiava o Ministério do Esporte desde 2003. Ele não tem registro de nenhuma ligação com o esporte em sua passagem pela Câmara. Nenhum projeto de lei apresentado por ele tratou do tema.
Hilton foi relator de 48 proposições, mas sua nova incumbência não foi objeto de nenhuma delas. Nas 97 vezes em que discursou no plenário da Câmara, não mencionou políticas esportivas, a Copa deste ano ou os Jogos.
"Nós, atletas, não podemos mais ser mais usados simplesmente para fotos conjuntas em momentos de vitória nacional. Vamos ser francos, essas conquistas são muitas vezes obtidas a despeito da política esportiva, da legislação e da condução nacional do esporte. E, em alguns casos, encontrando até forças contrárias a dificultar o caminho. Se os governantes querem estar ao lado das vitórias, devem tomar consciência da sua enorme responsabilidade nas derrotas", afirma o manifesto dos atletas brasileiros.
Abaixo, a íntegra da nota divulgada pela ONG:
"Somos uma organização não governamental que trabalha pela melhoria da política esportiva no Brasil. Desde 2009, trabalhamos para influenciar as decisões governamentais a fim de que haja uma legislação mais moderna, uma alocação de recursos mais eficiente, uma melhor gestão e transparência no esporte e para que o país possa pensar no esporte como fator estratégico para o desenvolvimento humano e social com importante impacto na saúde, educação e planejamento urbano.
Como diz nossa missão, queremos 'melhorar o esporte para melhorar o país'. Acreditamos piamente nisto. Somos uma associação de mais de 60 atletas de relevância para o esporte.
Tivemos, junto com muitos outros, importância no passado, e continuamos tendo no presente. E, muito mais do que isso, queremos ajudar a construir um país com espírito olímpico. Desejamos uma política esportiva (educacional, de participação e de alto rendimento) que nos orgulhe e que mostre um caminho diferente, que aponte para o Esporte que o Brasil merece.
Temos trabalhado na seara política pois acreditamos na participação ativa da sociedade para as mudanças do País. No esporte, só teremos resultados expressivos e de longo prazo caso ele seja administrado com responsabilidade por nossos governantes e legisladores.
Exigimos muito mais respeito e cuidado com tudo que envolve o tema Esporte no Brasil. O que está muito longe de acontecer quando constatamos os critérios, ou a falta deles, que foram usados para a escolha do novo ministro.
Infelizmente, há anos, o Ministério do Esporte é usado na barganha política. Não se trata de decidir quem seria a melhor pessoa para ocupar o cargo, mas qual partido o terá de acordo com as alianças e que decidirá a seu bel-prazer quem o representará. Nem mesmo uma familiaridade com o tema é observada, o que traz enormes prejuízos ao esporte e ao País em um setor que está à frente de um enorme investimento com os megaeventos esportivos.
A nomeação com critério unicamente político, na maior parte das vezes, traz consigo o aumento da ineficiência de gestão, descontinuidade da política, reinício de convencimentos e processos e tudo isso com custo aos cofres públicos.
Às vésperas da Olimpíada, a presidente Dilma abriu mão de uma oportunidade de melhorar a gestão do esporte. Decepcionou todo um setor de atletas, jornalistas, empresários, organizações, trabalhadores e amantes do esporte em geral.
E nós, atletas, não podemos mais ser mais usados simplesmente para fotos conjuntas em momentos de vitória nacional. Vamos ser francos, essas conquistas são muitas vezes obtidas a despeito da política esportiva, da legislação e da condução nacional do esporte. E, em alguns casos, encontrando até forças contrárias a dificultar o caminho. Se os governantes querem estar ao lado das vitórias, devem tomar consciência da sua enorme responsabilidade nas derrotas.
Mesmo assim, seguimos em frente pois acreditamos em um país melhor, mas reiteramos aqui hoje que, como cidadãos e cidadãs brasileiros, nos sentimos envergonhados e desprestigiados, vendo que o esporte no Brasil continua sendo encarado como algo menor.
Nós da Atletas pelo Brasil continuaremos prontos para ajudar, contribuir e dialogar com todos que desejam deixar um lindo legado esportivo para o país."