O advogado Edson Ribeiro, que representa o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, afirmou que a justificativa para o Ministério Público Federal ter pedido a prisão preventiva de seu cliente "não tem cabimento" e que, se fosse válida, "Graça Foster [presidente da Petrobras] também deveria ter tido a prisão decretada".
Leia Também
Ribeiro diz, ainda, que, se a justificativa não vale para a executiva, "o Ministério Público Federal está prevaricando".
A presidente da Petrobras, no entanto, não é alvo da Operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção na Petrobras. Cerveró é réu em uma ação penal pelas acusações de corrupção e lavagem de dinheiro.
O ex-diretor da estatal foi preso na madrugada desta quarta-feira (14) no Rio, enquanto desembarcava de Londres, onde passou o fim de ano. Cerveró já está na sede da Polícia Federal em Curitiba, onde ficará detido.
A Procuradoria justificou o pedido de prisão pelo fato de Cerveró ter transferido imóveis no Rio de Janeiro para os filhos, em 2014, e por ter tentado transferir R$ 500 mil para a filha, em dezembro.
"Não estou imputando culpa a Graça Foster, mas, se o critério para a prisão de Cerveró foi ter transferido bens para filhos, o critério tem que valer para Graça, que também doou imóveis para os filhos. Ela também era da diretoria da Petrobras na época da compra dos 50% restantes da refinaria de Pasadena, assim como Cerveró era diretor na compra dos 50% iniciais. As decisões são tomadas pela diretoria. Se não vale para Graça, o Ministério Público está prevaricando."
Procurada por meio da Petrobras, Graça Foster ainda não comentou as declarações.
PRISÃO
Ribeiro afirmou ainda não ter tido acesso ao teor do decreto da prisão, que, segundo ele, foi assinado pelo juiz Ricardo Rachid de Oliveira, no plantão da Justiça Federal em 1º de janeiro.
"Cerveró entrou em contato com o Ministério Público e a Polícia Federal desde o dia 1º de abril do ano passado e se colocou à disposição, mas nunca foi chamado para prestar esclarecimento. Se ele acabou de voltar de Londres, está claro que ele não queria fugir."
O advogado diz que havia sido acertado com a Justiça para que Cerveró fosse citado na ação penal nesta quinta-feira (15), em sua casa em Itaipava, região Serrana do Rio.
Ribeiro afirma que vai viajar para Curitiba no início da tarde e, quando ler o teor do decreto da prisão, entrará com pedido de Habeas Corpus em Porto Alegre, sede do Tribunal Regional Federal que atende a região.