Praticamente fora do Banco do Brasil desde o final do ano passado, o presidente da instituição Aldemir Bendine trabalhava para permanecer no governo, possivelmente indo para o BNDES ou alguma outra estatal de prestigio.
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Bendine tem trânsito no mercado financeiro, especialmente entre os grandes bancos, mas é considerado mais um politico do que um executivo técnico. Tem pouco conhecimento de finanças.
Por outro lado, preservou a boa governança e relativa transparência do Banco do Brasil. Soube se cercar de executivos competentes nas áreas importantes como financeira, gestão de recursos, varejo, seguros, cartões e grandes empresas e investimentos (atacado).
Coleciona sucessos como a abertura de capital da BB Seguridade, braço de seguros da instituição que levantou R$ 11 bilhões na Bolsa, impulsiona na internacionalização do banco, além da ofensiva na redução dos juros ao consumidor, no início do primeiro mandato do governo Dilma.
Várias vezes afirmou que a função do banco público não era dar lucro como nas instituições privadas, o que pode lhe custar caro na Petrobras num momento que se espera uma recuperação na credibilidade.
Nos últimos meses, sofreu forte desgaste no governo. Conforme a Folha de S.Paulo revelou em outubro do ano passado, durante a gestão de Bendine, o Banco do Brasil concedeu empréstimo de R$ 2,7 milhões à socialite e amiga do executivo Val Marchiori, a partir de uma linha subsidiada pelo BNDES, contrariando normas internas das duas instituições.
Marchiori tinha restrição de crédito por não ter pago empréstimo anterior ao BB e também não apresentava capacidade financeira para obter o financiamento, segundo documentos internos do BB obtidos pela Folha.
Bendine nega qualquer participação na concessão do empréstimo.
MULTADO PELA RECEITA
A Folha também revelou em agosto do ano passado, que Bendine foi autuado pela Receita federal e teve de pagar multa de R$ 122 mil para se livrar de questionamentos sobre a evolução de seu patrimônio pessoal e um apartamento pago com dinheiro vivo em 2010.
O executivo foi multado por não comprovar a procedência de aproximadamente R$ 280 mil informados em sua declaração anual de ajuste do Imposto de Renda. Na avaliação da Receita, o valor de seus bens aumentou mais do que seus rendimentos declarados poderiam justificar.
Bendine entrou no radar da Receita Federal em 2010, quando a Folha mostrou que ele comprara um apartamento no interior de São Paulo pelo valor declarado de R$ 150 mil, pagos integralmente em espécie.
Ao justificar a legalidade da transação imobiliária, ele informou que declarou à Receita possuir R$ 200 mil em dinheiro vivo em casa, guardados desde 2009.
Depois de questionar formalmente o executivo, a Receita decidiu multá-lo em novembro de 2012. Ele não contestou a autuação e pagou o auto à vista. Bendine diz que não discutiu com a Receita a origem dos recursos usados na compra do apartamento e diz que o auto de infração resultou de um mero erro em sua declaração à Receita. Mesmo depois de identificar o erro, ele não retificou a declaração.
Motorista
O executivo também foi citado em um depoimento do ex-motorista do Banco do Brasil Sebastião Ferreira da Silva, 69, que afirmou ao Ministério Público Federal que fez diversos pagamentos em dinheiro vivo a mando de Bendine.
O depoimento do motorista, ao qual a Folha teve acesso, gerou a abertura de um procedimento de investigação contra Bendine, em junho do ano passado, por suspeita de lavagem de dinheiro.
Bendine nega as acusações, classificadas por ele de absurdas.