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'Aborto eu não vou pautar nem que a vaca tussa', diz Cunha a jornal

O deputado, evangélico, também é reticente quando perguntado sobre garantias de direitos dos homossexuais

Da Folhapress
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Publicado em 09/02/2015 às 15:27
Foto: Wilson Dias / Agência Brasil
O deputado, evangélico, também é reticente quando perguntado sobre garantias de direitos dos homossexuais - FOTO: Foto: Wilson Dias / Agência Brasil
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O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), se nega a colocar em votação qualquer projeto que trate da legalização do aborto.

"Aborto eu não vou pautar (para votação) nem que a vaca tussa", disse, em entrevista ao site do jornal "O Estado de S. Paulo".

Assim como o projeto da regulação da mídia, afirmou que projetos sobre o tema só vão passar "por cima do meu cadáver".

"O último projeto de aborto eu derrubei na Comissão de Constituição e Justiça. Regulação econômica de mídia já existe. Você não pode ter mais de cinco geradoras de televisão. No aborto, sou radical."

O deputado, evangélico, também é reticente quando perguntado sobre garantias de direitos dos homossexuais.

"Isso é mais discurso. Para pautar um projeto, ele tem que ter apoio suficiente. Não tenho que ser bonzinho. Eles querem que isso seja a agenda do país, mas não é. Não tem um projeto deles na pauta para ir a votação. Tenho que me preocupar com o que a sociedade está pedindo, e não é isso", afirmou.

PETROBRAS

Sobre a Petrobras, que passa por um escândalo de corrupção e cuja troca no comando -Aldemir Bendine, ex-presidente do Banco do Brasil, assume a chefia da companhia no lugar de Graça Foster-, considerou "um sinal positivo". Afirmou que o partido não irá pedir cargos na estatal: "Zero. Vamos passar longe de lá."

Cunha se reuniu na semana passada com Dilma Rousseff. Na entrevista ao "Estado", disse que a presidente sempre que foi muito cordata com ele, e culpou o PT pelos atritos causados durante a corrida pela presidência da Câmara.

Para ele, o maior problema está na articulação política. Citou como exemplo a CPI da Petrobras, que a oposição conseguiu aprovar na semana passada.

"Se, em vez de ficarem correndo atrás de pressionar gente para votar no [Arlindo] Chinaglia [candidato derrotado do PT à presidência da Câmara], tivessem colhido assinaturas, poderiam instalar outras CPIs antes da CPI da Petrobras. Se tivessem o mínimo de articulação política, tinham feito isso. O governo está perdido politicamente. Se eles não mudarem a articulação, vão ter que mudar o método."

Classificou o ministro Pepe Vargas (Relações Institucionais) de "inábil no trato" e "errado na forma e no conteúdo".

Sobre a distância do Executivo em relação ao Congresso, disse que ainda é cedo para avaliar se haverá uma relação mais próxima entre os dois poderes, e que se houvesse mais diálogo por parte da presidente "talvez tivesse evitado muito problema".

NOVO ESTILO

Reportagem da Folha de S.Paulo desta segunda-feira (9) mostra que a mudança de atitude de Cunha após virar presidente da Câmara pegou colegas de surpresa.

No lugar de promessas de ampliação de benefícios, agora o presidente da Câmara fala em cortar o salário de quem não comparecer às sessões de quinta. Para as ausências, serão aceitas justificativas de viagem em missão oficial ou de licenças médicas.

As medidas geraram desconforto em alguns parlamentares que prometem pressionar os líderes para evitar a ampliação das sessões.

No comando da Câmara, o peemedebista também deixou servidores em alerta. Costuma chegar por volta das 8h e sair no fim da noite. O despacho criando a CPI para investigar a Petrobras foi assinado nas primeiras horas de quinta-feira (5).

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