O líder do PT na Câmara dos Deputados, Sibá Machado (AC), afirmou nesta terça-feira (10) que "não tem como" o ajuste fiscal proposto pela presidente Dilma Rousseff sair do Congresso sem passar por ajustes de deputados e senadores.
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A Folha de S.Paulo mostrou nesta terça que parlamentares dos partidos que apoiam o governo no Congresso, inclusive do PT, começaram a se mobilizar para barrar ou atenuar o impacto das medidas do pacote, que reduz benefícios trabalhistas e previdenciários em busca uma economia de R$ 18 bilhões neste ano.
"Não tem como [o pacote ser mantido como original]. Com mais de 600 emendas, é claro que não vai ser aprovado na sua origem, então, algumas mudanças vai ter", afirmou o petista. O líder, porém, disse que ainda não estão claros os ajustes que poderão ser feitos.
Deputados e senadores apresentaram até a tarde de segunda (9) 620 sugestões de mudanças nas duas medidas provisórias que compõem o pacote. Parlamentares governistas somaram 412 emendas apresentadas, dois terços do total.
As mudanças atingem pontos centrais das medidas, que mudam regras para concessão do seguro-desemprego, do abono salarial, da pensão por morte e do seguro-defeso para pescadores artesanais.
As propostas dos congressistas serão analisadas primeiro por comissões formadas por deputados e senadores. Depois, cada medida provisória será votada no plenário da Câmara e no Senado.
A senadora Marta Suplicy (PT-SP), ex-ministra da Cultura de Dilma que deixou o governo fazendo críticas ao PT e à presidente, protocolou nove emendas ao pacote.
"Os desafios a serem enfrentados pelo governo são gigantescos, resultado do fracasso da política econômica, da falta de ações necessárias durante o agravamento da crise e, sobretudo, da falta de transparência na condução da economia", disse Marta na justificativa às suas emendas.
"O país assiste atônito ao aumento das tarifas, à escalada da inflação, ao aumento consecutivo dos juros e ao aumento de impostos. Sem falar na corrupção, que somada aos rumos econômicos tortuosos, torna cada vez mais difícil o resgate da confiança e da credibilidade", completou.
O PC do B, outro partido governista, fechou questão contra as medidas. "Estourar a corda para o lado mais fraco, na hora da dificuldade, não dá", afirmou Orlando Silva (PC do B-SP), ex-ministro do Esporte de Lula e Dilma.
Congressistas de outros oito partidos com representantes no ministério de Dilma (PMDB, PSD, PP, PDT, PR, PROS, PRB e PTB) também apresentaram emendas. A rejeição das centrais sindicais às medidas propostas pela equipe econômica deu impulso à resistência no Congresso.
O governo quer restringir a concessão do seguro-desemprego a trabalhadores com mais de 18 meses de vínculo empregatício na primeira vez que solicitarem o benefício. Os congressistas querem reduzir esse período para seis ou oito meses.
Como a Folha mostrou em janeiro, o Planalto sabe que terá de fazer concessões para conseguir a aprovação das medidas no Congresso. Mas a queda repentina sofrida pela popularidade de Dilma deverá aumentar as pressões para que o governo negocie.