A oposição reagiu nesta sexta-feira (20) às declarações da presidente Dilma Rousseff afirmando que, se a corrupção na Petrobras tivesse sido alvo de apuração no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), poderia ter sido estancada.
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Para o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), Dilma demonstra desespero e faz um diagnóstico superficial dos problemas de corrupção na estatal.
Segundo o tucano, a presidente ainda recorre mais uma vez a um discurso pautado pela "fantasia e marketing" para tentar minimizar um esquema de desvio de recursos públicos patrocinado pelo PT com partidos da base aliada para se manter no poder.
"Acho que tem sim uma dose de desespero [da presidente] porque o governo perdeu, de certa forma, o controle do processo", afirmou o tucano.
"Depois de um conveniente silêncio que durou cerca de dois meses, certamente para se distanciar das medidas econômicas tomadas por seu governo, a presidente reaparece parecendo querer zombar da inteligência dos brasileiros ao atribuir o maior escândalo de corrupção da nossa história patrocinado pelo PT a um governo de 15 anos atrás. Na verdade, parece que a presidente volta a viver no país da fantasia", completou.
Dilma defendeu à imprensa que, se os casos de corrupção na Petrobras tivessem sido investigados na década de 1990, quando o país era governado pelo PSDB, os desvios na estatal não teriam se perpetuado por tanto tempo.
Segundo Aécio, é importante que a presidente reconheça e dê credibilidade, mesmo que indiretamente, ao depoimento de investigados, como o de Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras que reconheceu ter recebido propina nessa época.
"O PSDB não tem qualquer receio que se investigue o que quer que seja, mas bastaria uma leitura no depoimento de Pedro Barusco, que ele afirma que se beneficiou individualmente. Se a presidente dá crédito às declarações de Barusco, é preciso que ela dê crédito e venha a público dizer o que acha do centro desse depoimento, onde ele afirma que R$ 200 milhões foram transferidos para o PT nos últimos 12 anos, boa parte disso entregue ao tesoureiro de seu partido", afirmou.
Para o senador, "esse assunto é de extrema gravidade e não é possível que a presidente o trate de forma tão simplista e tão incorreta".
"Era hora sim de a presidente da República fazer sua mea-culpa: olhar nos olhos do seu governo e dizer que seu governo errou e errou muito. Errou na condução da economia, durante a campanha eleitoral ao pregar a mentira, o terrorismo como arma de campanha. E errou, principalmente, no seu comportamento ético. Enquanto não houver a mea-culpa do governo, os brasileiros continuarão a se sentir iludidos e lesados pela presidente da República e pelo seu governo".
RESPONSABILIDADES
Para o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), Dilma tentou transferir responsabilidades com sua avaliação, sendo que os funcionários chegaram a cargos de direção indicados pelo PT.
"É uma tentativa de transferir responsabilidades. As delações mostram claramente que a estrutura criminosa com a participação do PT com partidos da base aliada começou no governo Lula e continuou até agora. Ela tenta se eximir de responsabilidade porque, com as delações premiadas, a casa caiu e o Palácio está para ruir", afirmou o senador.
O líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), disse que a presidente Dilma deveria ter continuado calada para "não vir a público falar a bobagem que disse".
Na avaliação do líder do DEM, Mendonça Filho (PE), a acusação da presidente ao PSDB faz parte de uma "operação abafa" para minimizar o maior esquema de corrupção da história do Brasil, criado e sustentando pelo governo do PT.