A presidente Dilma Rousseff defendeu nesta sexta-feira (20) que, se os casos de corrupção na Petrobras tivessem sido investigados na década de 1990, quando o país era governado pelo PSDB, os desvios na estatal poderiam ter sido estancados e não teriam se perpetuado por tanto tempo.
Leia Também
"Olhando os dados que vocês mesmos divulgam nos jornais, se em 96 ou 97 tivessem investigado e tivessem naquele momento punido, nós não teríamos o caso desse funcionário da Petrobras que ficou durante quase 20 anos [atuando em esquema] de corrupção. A impunidade, e isso eu disse durante toda a minha campanha, a impunidade leva água para o moinho da corrupção", afirmou Dilma a jornalistas após cerimônia diplomática no Palácio do Planalto.
Em sua fala, a presidente fez referência a depoimento do executivo ligado à Toyo Setal, Augusto Mendonça, à Justiça Federal do Paraná no âmbito das investigações da Operação Lava Jato. Mendonça afirmou que o chamado "clube de empreiteiras" passaram a combinar entre si os resultados das licitações em meados da década de 1990, durante o governo Fernando Henrique Cardoso.
"Não que antes não existia [corrupção], é que antes não tinha sido investigado e descoberto. Porque quando se investiga e descobre as raízes surgem. E quando surgem as raízes das questões você impede que aquilo se repita e que seja continuado", completou Dilma.
Durante a entrevista coletiva, a presidente defendeu que as investigações sobre a participação das empreiteiras nos esquemas de corrupção não podem afetar a geração de emprego e renda no país e que os empresários é que devem ser punidos.
"Agora, o que o governo fará é tudo dentro da legalidade. Iremos tratar as empresas tentando principalmente considerar que é necessário criar emprego e gerar renda no Brasil. Isso não significa de maneira alguma ser conivente ou apoiar ou impedir qualquer investigação ou qualquer punição a quem quer que seja. Significa doa a quem doer", afirmou Dilma.
A presidente voltou a defender a atuação dos órgãos de investigação que atuam no caso, como a Polícia Federal e o Ministério Público.
"Hoje acho que um passo foi dado no Brasil e é esse passo que eu acho que a gente tem que olhar e valorizar. Atualmente, em todos os órgãos, não tem engavetador da República, não tem controle sobre a Polícia Federal, nós não nomeamos pessoas políticas para os cargos da Polícia Federal e isso significa que junto com o MP [Ministério Público] e com a Justiça está havendo no Brasil um processo de investigação como nunca foi feito antes no Brasil", disse.