Câmara

PT acena ao PMDB e indica Luiz Sérgio para relatoria da CPI da Petrobras

Para atender ao PMDB, o PT abriu mão de indicar o deputado Vicente Cândido (PT-SP), que chegou a ser sondado

Da Folhapress
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Publicado em 24/02/2015 às 12:44
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Para atender ao PMDB, o PT abriu mão de indicar o deputado Vicente Cândido (PT-SP), que chegou a ser sondado - FOTO: Foto: VANDERLEI ALMEIDA / AFP
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A coordenação da bancada do PT na Câmara decidiu nesta terça-feira (24) indicar o deputado Luiz Sérgio (RJ) para a relatoria da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que vai investigar irregularidades na Petrobras.

Os trabalhos da CPI começam nesta quinta-feira (26).

A escolha do petista atende a bancada do PMDB, cujos caciques reclamam da falta de espaço para influenciar nas decisões políticas do governo Dilma Rousseff e dizem que a legenda só é chamada de última hora para apagar incêndios.

Num encontro nesta segunda (23) entre o ministro Pepe Vargas (Relações Institucionais) e os líderes do governo, José Guimarães (PT-CE), e do PT, Sibá Machado, o líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), colocou que Luiz Sérgio tem bom trânsito na Casa e seria um bom nome para o posto.

Sérgio foi ministro de Relações Institucionais durante o governo Lula.

É tradição na Câmara que o maior partido fique com a presidência das CPIs. O PMDB fechou para o cargo o nome do deputado Hugo Motta (PB). Motta é aliado do grupo do presidente da Casa, Eduardo Cunha (RJ), e do reduto eleitoral do ministro do TCU, Vital do Rego, que comandou a CPI da Petrobras que investigou a estatal no ano passado.

Pelas regras da Casa, cabe ao presidente, após ser eleito pelo plenário da CPI, indicar o relator. A presidência e a relatoria têm influência no ritmo das investigações, podendo blindar o governo.

Para atender ao PMDB, o PT abriu mão de indicar o deputado Vicente Cândido (PT-SP), que chegou a ser sondado. Inicialmente, o partido queria indicar Marco Maia (PT-RS) para o posto -ele relatou a última CPI e acabou rejeitando o convite.

INFLUÊNCIA

Sibá Machado minimizou a influência peemedebista e disse que a indicação de Luiz Sérgio "facilita um entendimento" porque a relatoria pertencia ao bloco do PMDB.

Dentro do PMDB, há resistências a repassar a relatoria da CPI para o PT. A bancada do PMDB deve discutir o tema nesta quarta. A entrega do cargo foi um aceno de Cunha ao Planalto depois de articular uma série de derrotas ao governo desde que conquistou o comando da Casa.

PT e PMDB são citados por investigados da operação Lava Jato como beneficiários do esquema de corrupção na Petrobras. Os partidos negam ligação com os desvios.

Além de Luiz Sérgio, o PT vai indicar para a CPI Afonso Florence (BA) e Valmir Prascidelli (SP). Os suplentes são Leo de Brito (AC), Jorge Solla (BA) e Maria do Rosário (RS).

FHC

O PT quer incluir o governo do tucano Fernando Henrique Cardoso nas investigações da CPI. A comissão foi criada para analisar denúncias de corrupção na empresa de 2005 a 2015. O período, segundo a oposição, leva em consideração o início das tratativas para a polêmica compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, que em 2014 colocou a estatal no centro de uma crise.

A inclusão do período FHC pelo PT ocorre após a presidente Dilma Rousseff ter responsabilizado o PSDB pela corrupção na Petrobras, na semana passada. Sem citar nomes, a presidente fez referência ao depoimento do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco. Ele disse ter começado a receber propina da SBM Offshore em 1997.

"Se em 1996 ou 1997 tivessem investigado e tivessem, naquele momento, punido, nós não teríamos o caso desse funcionário da Petrobras que ficou durante quase 20 anos [atuando em esquema] de corrupção", disse a presidente.

O PSDB aponta que Barusco admitiu ter agido isoladamente e classificou a avaliação de Dilma como superficial e desesperada por ter perdido o controle do processo.

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