Investigação

Sessão da CPI vira evento de desagravo a Eduardo Cunha

Presidente da Câmara foi apontado pelo doleiro Alberto Youssef como beneficiário da partilha de propina de um contrato firmado pela Petrobras com empresas privadas para o aluguel de navios-plataforma

Da Folhapress
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Publicado em 12/03/2015 às 13:45
Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
Presidente da Câmara foi apontado pelo doleiro Alberto Youssef como beneficiário da partilha de propina de um contrato firmado pela Petrobras com empresas privadas para o aluguel de navios-plataforma - FOTO: Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
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A sessão da CPI da Petrobras agendada para ouvir os esclarecimentos do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), nesta quinta-feira (12), se transformou num ato de desagravo, com direito a aplausos e palavras de solidariedade ao depoente.

Cunha é um dos parlamentares investigados pelo STF (Supremo Tribunal Federal) por suspeita de participação do esquema de corrupção na estatal.

Ele foi apontado pelo doleiro Alberto Youssef como beneficiário da partilha de propina de um contrato firmado pela Petrobras com empresas privadas para o aluguel de navios-plataforma.

Logo após a abertura da reunião, Cunha fez uma longa explanação e voltou a atacar o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Afirmou que seu nome foi incluído na lista de investigados por uma opção política "sem critério" do PGR.

"Escolha irresponsável e leviana. Querem transferir a crise do outro lado da rua [Palácio do Planalto] para cá [Congresso]", acusou.

Os deputados da CPI, encarregados de inquiri-lo, aplaudiram assim que Eduardo Cunha concluiu sua defesa. Por pelo menos uma hora e meia, parlamentares da oposição e da base aliada se revezaram ao microfone para parabenizá-lo.

Líder do PSDB, Carlos Sampaio foi um dos que elogiou o presidente da Câmara. "Vossa excelência não perde em momento nenhum a autoridade para presidir essa Casa", afirmou Sampaio.

Sibá Machado (AC), líder do PT, fez coro ao oposicionista: "Já tinha escutado ele [Cunha] em outras oportunidades e toda a sua preocupação. No momento eu compreendo perfeitamente é que não há nenhum fato que relacione o nome dele a essa lista [de investigados]."

Alguns parlamentares se abstiveram de fazer perguntas para jogar confetes no depoentes. Foi o caso de Aluísio Mendes, do PSDC do Maranhão.

"Saio dessa comissão e peço até ao presidente que retire meu nome dos inscritos, porque não resta pergunta a fazer, o presidente Eduardo Cunha rebateu ponto a ponto", anunciou Mendes.

Antes de Cunha começar a falar, Chico Alencar (RJ), líder do PSOL, alertou para a possibilidade de o presidente da Câmara estar sendo beneficiado em depor no início dos trabalhos da CPI, antes de outros personagens do escândalo.

"Esse depoimento não deve ter tom de desagravo e tem deficiência congênita. José Sérgio Gabrielli [ex-presidente da Petrobras] será ouvido a partir de depoimento de [ex-gerente da Petrobras, Pedro] Barusco. Cunha não terá seus esclarecimentos precedidos de oitivas fundamentais, como de Alberto Youssef", afirmou Chico Alencar.

Para alguns colegas, no entanto, Eduardo Cunha é fonte de inspiração, como disse Marcelo Aro (PHS-MG). "Vossa excelência é uma esperança de lutar para um país melhor", disse.

O deputado Rogério Rosso (PSD) chegou a perguntar a Cunha o que ele faria para resgatar a credibilidade da Petrobras, se fosse presidente da estatal.

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