Corrupção

Delação de Paulo Roberto é 'política', diz Pezão

O depoimento do ex-diretor da Petrobras foi a base para a abertura de inquérito contra o peemedebista, seu antecessor no cargo, Sérgio Cabral (PMDB)

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Publicado em 13/03/2015 às 17:20
Foto: Fernando Maia / Pezão 15
O depoimento do ex-diretor da Petrobras foi a base para a abertura de inquérito contra o peemedebista, seu antecessor no cargo, Sérgio Cabral (PMDB) - FOTO: Foto: Fernando Maia / Pezão 15
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O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), afirmou nesta sexta-feira (13) que a delação premiada de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, é uma "denúncia política". O depoimento foi a base para a abertura de inquérito contra o peemedebista, seu antecessor no cargo, Sérgio Cabral (PMDB), e o ex-secretário da Casa Civil, Régis Fichtner, no STJ (Superior Tribunal de Justiça) pela Operação Lava Jato.

De acordo com Pezão, o fato de Paulo Roberto ter trabalhado na pré-campanha do senador Lindbergh Farias (PT) ao governo do Rio no ano passado compromete seu depoimento. O ex-diretor afirma que intermediou o repasse de R$ 30 milhões de empreiteiras para o "caixa dois" da campanha de reeleição de Cabral em 2010, em que o atual governador era vice.

"Sei que a pessoa que fez a delação premiada estava a serviço de uma outra candidatura. Era o captador de recursos de outra candidatura. Era o coordenador do programa de governo. É uma denúncia política", disse Pezão.

Paulo Roberto se reuniu algumas vezes com Lindbergh em 2014 antes do início da campanha ao governo do Rio, quando já não trabalhava mais na Petrobras. Ele era o coordenador do plano de governo para o setor de petróleo, gás, energia e infraestrutura. Seria também secretário de Desenvolvimento caso o petista vencesse a disputa -ele terminou em quarto.

Lindbergh também é investigado pela Procuradoria-Geral da República na Operação Lava Jato. O petista se reuniu em 2010 dentro da Petrobras com Paulo Roberto para pedir ajuda na captação de recursos para sua campanha ao Senado. O ex-diretor afirmou, em delação premiada, que as doações saíram do desvio de 3% de contratos da estatal destinado a propina a políticos. O senador diz que não sabia da corrupção na empresa.

Pezão, por sua vez, é acusado por Paulo Roberto de ter participado de uma reunião com ele, Cabral e Fichtner em 2010, na qual foi solicitado ao ex-diretor da Petrobras recursos para o "caixa dois" da campanha ao governo do Rio em 2010. Os três negam ter pedido dinheiro ao delator.

O governador afirma que se considera "julgado e condenado" com a instalação do inquérito. Após a investigação, a procuradoria vai definir se propõe ação penal contra Pezão no STJ, que o julgará culpado ou inocente.

"Estou à disposição da Justiça. Mas lamento esse nível de exposição com uma delação de uma pessoa que era coordenador de campanha dos meus adversários. [...] Eu já fui julgado e condenado. Agora vão me dar o direito de defesa. Fiquei surpreso ao chegar nesse nível de exposição por ter ouvido uma conversa que não aconteceu."

PAES

O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), defendeu os aliados. Ele disse que o inquérito no STJ deve correr com rapidez, e afirmou ter segurança de que Pezão, Cabral e Fichtner serão absolvidos.

"Inquérito faz parte da democracia, não é condenação. Algumas pessoas nessa situação vão ser caracterizadas como participantes de esquema de corrupção, e devem ser punidos. Outros serão absolvidos. É o que tenho certeza que vai acontecer com Pezão e Cabral. Só acho que deve haver celeridade no processo", disse Paes.

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