Corrupção

Em plenário, Fernando Bezerra Coelho nega envolvimento em desvios da Petrobras

Ao insinuar que seu nome foi incluído na lista dos investigados por motivações políticas, Bezerra disse que vai provar inocência

Da Folhapress
Cadastrado por
Da Folhapress
Publicado em 16/03/2015 às 17:20
Foto: Agência Senado
Ao insinuar que seu nome foi incluído na lista dos investigados por motivações políticas, Bezerra disse que vai provar inocência - FOTO: Foto: Agência Senado
Leitura:

Incluído na lista de políticos investigados na Operação Lava Jato, o senador Fernando Bezerra (PSB-PE) subiu à tribuna do Senado nesta segunda (16) para negar envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras.

Bezerra disse que nunca pediu ao doleiro Alberto Youssef recursos desviados da estatal para a campanha do ex-governador Eduardo Campos (PSB) ao governo de Pernambuco, morto no ano passado, de quem saiu em defesa.

Ao insinuar que seu nome foi incluído na lista dos investigados por motivações políticas, Bezerra disse que vai provar inocência. O senador afirmou que considerou estranho o fato de seu nome constar na lista da Lava Jato uma semana depois dos nomes dos políticos serem divulgados pela Procuradoria Geral da República.

"O Ministério Público teve nada menos que quatro meses para analisar depoimentos, reunir material e fazer o trabalho que considerasse o mais correto. Fico sabendo pela imprensa que o MPF resolveu adicionar meu nome à relação sem que nenhum fato novo tivesse ocorrido. Uma atualização tardia e desconectada de sentido. Ainda faltam outros nomes? Houve falhas nos procedimentos iniciais ou foram pressões externas à estrita investigação dos resultados?", questionou.

O senador saiu em defesa de Campos ao afirmar que o ex-governador de Pernambuco foi um "grande gestor público", comprometido com causas republicanas. "Atacar Eduardo, agora que ele já se foi, é tentar macular a imagem de um grande líder que o Brasil perdeu de forma tão precoce. Eduardo merece respeito pelo que foi e pelo que fez", afirmou Bezerra.

Bezerra confirmou que se reuniu "diversas vezes" com o ex-diretor Paulo Roberto Costa para discutir a construção do Porto de Suape (PE). Mas afirma que os encontros foram todos "institucionais" e que coube à Petrobras executar todas as obras relacionadas ao porto, sem participação do governo do Estado -do qual era secretário.

"Nenhum tipo de serviço passou pelas minhas mãos. Todos foram realizados pela Petrobras, sem qualquer gerência estadual. Em 2010, não participei da coordenação da campanha de Campos, portanto nunca tratei de recursos para aquela disputa para quem quer que fosse", afirmou o senador.

PAULO ROBERTO COSTA

O envolvimento de Bezerra no caso se deu devido a depoimentos de Costa. Ele disse que Bezerra teria procurado integrantes do esquema para viabilizar recursos para a campanha de reeleição de Campos.

Costa disse que posteriormente soube, através de Youssef, que R$ 20 milhões teriam sido entregues à campanha. Bezerra nega conhecer Youssef e disse que nunca se encontrou com o doleiro.

"Não são verídicas as declarações do senhor Paulo Roberto contra a minha pessoa. Jamais tive qualquer tipo de contato com o senhor Alberto Youssef. Estou absolutamente tranquilo quanto aos resultados do que foi investigado."

Apesar de elogiar a atuação do Ministério Público Federal, o senador disse que os depoimentos de Paulo Roberto e Yousseff que embasaram o pedido de investigações dos políticos são "contraditórios" e não há nada de concreto que justifique as investigações sobre o seu nome.

"Quero continuar confiando na instituição do Ministério Público Federal que desempenha papel fundamental dentro do atual contexto que vive o nosso país. Apelo que dê celeridade a essa investigação. Mas sei que poderei enfrentar batalha longa, por isso minha vontade de colocar a verdade sob qualquer suspeita é ainda maior."

INVESTIGAÇÃO

Na semana passada, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki aceitou nesta sexta-feira (13) o pedido feito pelo Ministério Público para apurar se o senador está envolvido com os crimes investigados pela Operação Lava Jato.

O pedido de investigação sobre o senador foi enviado separadamente da primeira leva de nomes que compuseram a chamada "lista de Janot", entregue ao STF na semana passada.

Na quinta (12), quando o pedido de investigação foi enviado, o Ministério Público disse que o caso só não foi junto com os demais da Lava Jato pois ainda restava uma diligência a ser feita. Por isso, os procuradores entenderam que seria melhor segurar um único inquérito e liberar a maior parte do material.

Últimas notícias