O vice-presidente da República, Michel Temer, defendeu hoje (16) que o governo tenha humildade para reconhecer erros e garantir a governabilidade por meio do diálogo. A declaração foi dada em evento com empresários fluminenses, um dia depois de milhares de pessoas protestarem contra o governo em todo o país.
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"O diálogo, que é fundamental, deve ser pautado pela ideia de humildade e, no reconhecimento, muitas vezes, de equívoco que tenha sido produzido", afirmou durante palestra na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), no Rio.
Na avaliação dele, os protestos de ontem (15) são legítimos e, eventualmente necessários para influenciar mudanças na política. "Convenhamos, quando você vê o clamor das ruas, é porque alguma coisa está errada", disse.
Ele disse que esteve com a presidenta Dilma Rousseff nesta segunda-feira cedo, em Brasília, para avaliar os pleitos das manifestações. A avaliação indica que as reivindicações não estavam focadas em pedidos "minoritários" de renúncia da presidenta, mas no descontentamento com a política econômica e na falta de diálogo com vários setores da sociedade, como o Congresso Nacional, pontuou.
Michel Temer comentou ainda que pode haver uma troca ministerial, embora não seja "indispensável e solucionadora de conflitos", e assegurou que não tem sido excluído de decisões do Planalto. "Falam muito que eu fui afastado, mas confesso que a presidenta fala comigo com muita frequência. Claro que cada um tem seu 'nucleozinho' pessoal, mas nunca fui afastado das decisões".
O presidente da Firjan, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, pediu que o vice-presidente da República seja interlocutor no governo para costurar um pacto de governabilidade. Na opinião do empresário, as manifestações de domingo, Brasil afora, mostraram mais uma vez que o país, desde as eleições de outubro de 2014, está rachado. "Ninguém deseja viver quatro anos o ambiente irrespirável que nos ronda desde o início de 2015", declarou.
Eduardo Eugênio defendeu que o governo atue para desonerar o investimento e aumentar a produtividade, sem elevar impostos. "Não há como suportar. A carga tributária sobre a indústria de transformação é hoje 45,4% do PIB [Produto Interno Bruto] das indústrias", informou. "Estamos sufocados, mas abertos ao diálogo", resumiu, pedindo apoio de Temer.