O vice-presidente da República, Michel Temer, reafirmou hoje (27), na capital paulista, que defende a manutenção do financiamento privado de campanha, em uma provável reforma política. Segundo ele, muitos parlamentares pregam o financiamento público, mas quando os jornais publicarem que vai precisar de R$ 120 bilhões para a campanha, por exemplo, virá estampado também quantas escolas e hospitais seria possível fazer com o dinheiro. "Financiamento público é algo complicado para o nosso sistema. Acho que temos de defender o financiamento privado”, declarou ele, ao participar de debate sobre o tema, no Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP).
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O fim do financiamento por pessoas jurídicas a políticos em campanha eleitoral veio à tona, sobretudo, depois das denúncias de corrupção na Petrobras, com o pagamento de propinas por empresas que estão sendo investigadas na Operação Lava Jato. A declaração do vice-presidente diverge da posição expressa pelo ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Miguel Rosseto, que defende o financiamento público como mecanismo de combate à corrupção.
Temer defendeu ainda o voto majoritário para deputados federais, o chamado distritão. “Tenho sustentado, com relativo sucesso, que devemos mudar o sistema proporcional”, declarou. Ele avalia que, em face do coeficiente eleitoral, estão assumindo candidatos com poucos votos, o que não é representativo da vontade popular. Em relação à reforma política, ele propõe a coincidência das eleições e o fim da reeleição, com os mandatos passando a ser de cinco anos. Temer reconhece, contudo, que o principal obstáculo para o encaminhamento da reforma é o individualismo dos parlamentares.
O vice-presidente não vê o cenário político atual como empecilho para o andamento da pauta no Congresso. “Essa crise política que estamos passando, que não deve preocupar, ajuda a ideia na reforma política”, que deve ser votada ainda este ano pelas suas estimativas. “Todo fato jurídico surge quando o fato cotidiano vai se repetindo, maturando, e num dado momento, impõe-se a necessidade de normatividade sobre o assunto. Hoje há uma maturação nessa questão, que agora vai”, estimou. Ele negou que o país viva uma crise institucional, e qualificou o momento como “uma dificuldade política e econômica transitória”.