O diretor de Gás e Energia da Petrobras, Hugo Repsold, afirmou nesta terça-feira (7) à CPI da Petrobras que foi "surpreendido" com os relatos de propina na estatal.
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Diretor da área desde fevereiro, Repsold decepcionou os parlamentares em seu depoimento à CPI, por não ter acrescentado novas informações ao esquema de corrupção da Petrobras. Ele foi pressionado e criticado pelos integrantes da CPI, mas afirmou não ter conhecimento das irregularidades.
"Me sinto indignado com isso tudo. Indignado é a expressão do que sinto e não consigo responder a essas perguntas porque fui surpreendido de fato, não sabia", declarou. "Fui surpreendido com o que aconteceu, fiquei sabendo pela imprensa, pelas delações, pela polícia", disse.
Repsold defendeu o projeto da Gasene, um gasoduto de 1.400 km que custou R$ 6,3 bilhões, com suspeitas de superfaturamento apontado pelo TCU (Tribunal de Contas da União). Segundo ele, o superfaturamento foi em um item específico, mas o preço final do gasoduto ficou dentro do esperado.
Os deputados ironizaram as respostas de Repsold. "Vossa senhoria faz o que na Petrobras ha tanto tempo, nada? Vossa senhoria está pensando que aqui tem palhaço?", questionou André Moura (PSC-SE).
Na próxima quinta-feira (9) a CPI ouve o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, acusado por delatores de receber repasses de propina da Petrobras destinados ao caixa do partido.
SUSPEIÇÃO
Mais uma vez, integrantes da CPI protestaram contra a demora na convocação do lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, apontado como operador do PMDB no esquema da Petrobras.
Em resposta à pressão, o deputado Celso Pansera (PMDB-RJ) sugeriu que a CPI formasse uma força-tarefa para ir a Curitiba ouvir todos os que estão presos lá, incluindo Baiano e os executivos das empreiteiras.
O deputado Ivan Valente (PSOL-SP), porém, foi contrário à proposta, argumentando que a CPI ocorria na Câmara e que eles deviam ser ouvidos no local, como ocorreu com o ex-diretor Renato Duque, atualmente preso por suspeitas de envolvimento no esquema de corrupção.
O presidente da CPI Hugo Motta (PMDB-PB) frisou que um ato da mesa diretora impede o depoimento de presos na Casa e que seria necessário novo aval do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
O deputado Leo de Brito (PT-AC) acusou o vice-presidente da CPI Antônio Imbassahy (PSDB-BA) de ser suspeito para conduzir a comissão, após reportagem da Folha de S.Paulo ter revelado que empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção da Petrobras atuaram nas obras do metrô de Salvador, no período da gestão de Imbassahy. O tucano não rebateu a acusação.