Em visita ao Recife, o presidente da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), Marcos Leôncio, manifestou a necessidade de autonomia para a Polícia Federal (PF) em relação à Procuradoria Geral da República (PGR). A vinda à capital pernambucana na manhã desta sexta-feira (17) se deveu à campanha promovida pela entidade classista, para fortalecer o combate à corrupção. Entretanto, o discurso do delegado federal foi marcado por duras críticas à ingerência do procurador-geral da República Rodrigo Janot no trabalho da PF.
Em uma cartilha assinada pelos delegados da ADPF, a entidade manifesta sete pontos referentes ao combate à corrupção, crime organizado e melhoramentos na estrutura da própria PF. A ADPF defende a criação de delegacias especializadas em combate à corrupção em todas as superintendências regionais, garantindo recursos humanos e financeiros a essas delegacias.
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A tese da autonomia, recorrente no documento, seria referendada através do projeto de emenda à Constituição (PEC) 412/2009. A matéria garantiria independência administrativa e financeira à instituição policial. Outro ponto defendido seria a indicação do Delegado-Geral da PF diretamente pela Presidência da República, após formulação de lista tríplice. O escolhido teria que ser sabatinado pelo Senado. Se aprovado, o mandato seria de quatro anos.
Além da campanha institucional, o presidente Marcos Leôncio sustenta um discurso cheio de críticas à maneira de trabalhar do procurador Rodrigo Janot, no tocante à Operação Lava-Jato. “Em Curitiba (na operação Lava Jato), tudo funciona às mil maravilhas, cada um respeita o papel do outro. Mas, em Brasília, nós temos um problema particular no STF. Janot colocou na cabeça que a Polícia Federal é dele, que vai fazer o que ele manda, o que ele quer. Janot colocou uma estrela no peito e agora pensa que é o delegado da PGR”, afirmou o presidente da ADPF.
Os policiais consideram que o procurador Janot conduz as investigações como um xerife do STF quando os investigados possuem foro privilegiado. "Ele acha que essas investigações devem ser presididas exclusivamente por ele. Mas o que a Polícia Federal entende é que ela precisa ter liberdade para fazer o que ela sabe fazer, que é investigar crimes", declarou Leôncio.