No momento em que o PSDB articula um pedido de impeachment do governo de Dilma Rousseff, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que a medida depende de fatos objetivos e que seria precipitação abrir um processo neste momento.
"Como um partido pode pedir impeachment antes de ter um fato concreto? Não pode!", reagiu FHC, que participou de um seminário ao lado de outros ex-presidentes latino-americanos no Fórum de Comandatuba, no Sul da Bahia.
Sem citar especificamente o PSDB, o tucano afirmou que não faz sentido que os partidos antecipem esse movimento enquanto não houver decisões de tribunais ou provas concretas de irregularidades cometidas pela presidente. "Impeachment não pode ser tese. Ou houve razão objetiva ou não houve razão objetiva. Quem diz se é objetiva ou não é a Justiça, a polícia, o tribunal de contas. Os partidos não podem se antecipar a tudo isso, não faz sentido", declarou. "Você não pode fazê-lo fora das regras da democracia, tem que esperar essas regras serem cumpridas. Qualquer outra coisa é precipitação."
O PSDB, presidido pelo senador Aécio Neves (MG), encomendou pareceres de juristas sobre a viabilidade de um pedido de impeachment de Dilma Rousseff. Uma das possíveis motivações seria a irregularidade de manobras fiscais feitas pelo governo em 2014 para fechar as contas do ano as chamadas pedaladas fiscais. O ex-presidente reagiu ainda a afirmações do ministro Luís Inácio Adams (Advocacia-Geral) de que essas manobras fiscais também aconteceram no governo tucano, em 2001 e 2002.
"Eu não sei essa mecânica do dia a dia, mas duvido que tenha havido alguma coisa desta magnitude. Certamente não. E, se foi feito, foi errado. Um erro não justifica o outro", disse FHC.
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, também aliviou as críticas e afirmou que as manobras fiscais não acontecem de hoje. Ele também disse não ver motivos para impeachment.