Investigação

CPI da violência contra jovens negros e pobres faz audiência pública no Alemão

O Complexo do Alemão é o primeiro local fora de Brasília a receber audiência promovida pela CPI

Da ABr
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Publicado em 04/05/2015 às 17:59
Foto: Tomaz Silva / Agência Brasil
O Complexo do Alemão é o primeiro local fora de Brasília a receber audiência promovida pela CPI - FOTO: Foto: Tomaz Silva / Agência Brasil
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A comissão parlamentar de inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados que investiga a violência contra jovens negros e pobres realizou nesta segunda-feira (4) audiência pública em uma escola da favela Nova Brasília, no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio, para debater as violações de direitos humanos na localidade e vai ouvir, ainda nesta segunda-feira, na sede da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), 12 representantes de movimentos sociais organizados que trabalham com a questão da violência nas comunidades.

O presidente da CPI, deputado Reginaldo Lopes (PT/MG), ressalta o compromisso da comissão com políticas públicas para prevenir a sociedade e reduzir o número de homicídios no Brasil: "Queremos ouvir as lideranças familiares e as vítimas de homicídio ou de violação de direitos humanos, além de proposições, e trazer esses depoimentos para o nosso relatório".

A audiência pública no Alemão também reuniu representantes da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj, da Polícia Militar e da sociedade civil, além de gestores das secretarias estaduais de Educação e de Assistência Social e Direitos Humanos.

Integrante do Instituto Raízes e Movimento, grupo formado por jovens moradores que atua desde 2001 no Complexo do Alemão, Allan Bruno Pinheiro criticou a presença de uma base da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) dentro do pátio do colégio Caic Theóphilo de Souza Pinto, onde ocorreu a audiência.

“A política de segurança se equivoca mais uma vez em trazer a polícia para dentro da escola. Isso traz muita insegurança, por causa dos conflitos. Na fachada do colégio, há várias marcas de tiro, tornando os estudantes e professores daqui alvos e vítimas dos confrontos. Então, tem que se pensar em outra forma de combater a violência”, disse.

Pinheiro pediu às autoridades mais atenção aos jovens do Complexo do Alemão, como uma das formas de combater a violência. “Diálogo é fundamental, mas não só isso: é preciso também uma efetivação das ações. No Alemão, temos 19 mil jovens entre 15 e 29 anos e precisamos ter políticas públicas que agreguem e deem espaço a toda essa juventude, de forma que os jovens tenham acesso a escolas, cursos e a formação. O Poder Público deve criar um plano de desenvolvimento individual para esses jovens”, acredita.

O Complexo do Alemão é o primeiro local fora de Brasília a receber audiência promovida pela CPI. A reunião faz parte da segunda fase da comissão, que vai percorrer ainda outros estados. A motivação para a escolha do local da primeira audiência, segundo o deputado Reginaldo Lopes, foi o caso do menino Eduardo de Jesus Ferreira, de 10 anos, morto no último dia 2, após ser baleado durante uma operação da Polícia Militar (PM) no Alemão. Na ocasião, A PM afastou os oito policiais envolvidos na operação. O crime está sendo investigado pela Divisão de Homicídios.

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