O Ministério das Relações Exteriores tenta impedir que documentos sobre a Odebrecht, que tenham ligações com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sejam divulgados.
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De acordo com reportagem do jornal "O Globo" desta sexta (12), o diretor do Departamento de Comunicações e Documentação do Itamaraty, ministro João Pedro Corrêa Costa, emitiu ordem para que documentos da pasta classificados como "reservados" entre 2003 e 2010, e que citam a Odebrecht, sejam reclassificados para "secretos".
Documentos "reservados" devem tornar-se públicos após cinco anos, enquanto os "secretos" permanecem sigilosos por 15 anos.
Ainda segundo a reportagem, o pedido do diplomata consta de memorando encaminhado à Subsecretaria-Geral da América do Sul, Central e do Caribe após um repórter da revista "Época" solicitar telegramas e despachos reservados do ministério que citem a Odebrecht e que já deveriam ser públicos.
O jornal afirma que, no pedido do jornalista, não havia menção a Lula -a citação consta apenas na justificativa do diretor do departamento para evitar a divulgação dos papéis.
"Nos termos da Lei de Acesso, estes documentos já seriam de livre acesso público. Não obstante, dado ao fato de o referido jornalista já ter produzido matérias sobre a empresa Odebrecht e um suposto envolvimento do ex-presidente Lula em seus negócios internacionais, muito agradeceria a Vossa Excelência reavaliar a anexa coleção de documentos e determinar se há, ou não, necessidade de sua reclassificação para o grau de secreto", diz trecho do documento.
Em abril, a "Época" publicou reportagem em que afirma que a Procuradoria da República em Brasília abriu uma investigação contra o ex-presidente Lula por tráfico de influência internacional e no Brasil. Segundo a revista, Lula é suspeito de usar sua influência para facilitar negócios da empreiteira Odebrecht com governos estrangeiros onde faz obras financiadas pelo BNDES.
No início de maio, o Instituto Lula negou que o ex-presidente atue como lobista ou consultor.
Ainda segundo o jornal, nesta sexta o assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, negou a existência de documentos sobre a política externa brasileira que possam constranger Lula. O presidente do PT, Rui Falcão, disse que as denúncias são "uma tentativa de atingir o PT e o Lula".