O governo conseguiu convencer a sua base aliada na Câmara a manter o cerne do projeto de lei que reduz a desoneração da folha de salários, uma das principais medidas do plano de ajuste fiscal do governo Dilma. Os deputados devem concluir a votação do texto nesta quinta-feira (25) ao votar emendas que podem alterar o conteúdo principal da proposta.
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O acordo, segundo o líder do governo na Casa, José Guimarães (PT-CE), é para que se retire grande parte das emendas e que as que não puderem ser excluídas sejam rejeitadas. "Fizemos uma reunião da base para discutir a derrota desses destaques, porque os destaques da oposição atropelam, acabam com o que votamos nesta quarta. Vamos trabalhar para derrubar os destaques, manter a espinha dorsal do projeto, que é fundamental para o governo", afirmou após a reunião com os líderes.
Os deputados aprovaram na madrugada desta quinta-feira (25) o texto-base do projeto de lei. O texto aprovado -por 253 votos a favor, 144 contra e uma abstenção- eleva em mais de 100% a taxação para a maioria dos 56 setores beneficiados com o programa de desoneração da folha, mas abre exceções para alguns segmentos, com um aumento mais brando de tributação.
Apesar do acordo, a base aliada do governo não tem demonstrado tantos sinais de fidelidade ao governo. Nesta quarta (24), o Planalto sofreu uma derrota importante ao ver a aprovação da extensão da política de reajuste do salário mínimo para a aposentadoria. Segundo o governo, a aplicação da regra, que ainda tem que ser aprovada pelo Senado, tem um impacto de R$ 9,2 bilhões anuais aos cofres públicos.
Questionado se é possível confiar na base para a conclusão da votação do projeto das desonerações, Guimarães afirmou positivamente. "Claro que dá [para confiar]. Se não desse, a gente não tinha votado ontem. Aqui você tem que qualificar a relação, a confiança e sobretudo, o espírito da Câmara que é ajudar o país nesse momento de dificuldade econômica. Estou confiante", disse.
No mesmo sentido, o líder do PMDB e relator da proposta, deputado Leonardo Picciani (RJ), também disse estar confiante com a conclusão da votação. "Acho que está se construindo um bom diálogo. Ontem a base deu uma vitória muito expressiva nessa matéria, com mais de 109 votos de diferença. Creio que há total possibilidade de se confiar em uma posição unida da base", afirmou.