Investigação

Delator da Lava Jato cita doação a Mercadante na campanha de 2010

Mercadante hoje é ministro da Casa Civil, o principal auxiliar da presidente Dilma Rousseff

Da Folhapress
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Publicado em 26/06/2015 às 18:35
Foto: José Cruz / Agência Brasil
Mercadante hoje é ministro da Casa Civil, o principal auxiliar da presidente Dilma Rousseff - FOTO: Foto: José Cruz / Agência Brasil
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O presidente da UTC, Ricardo Pessoa, afirmou a procuradores da Operação Lava Jato que fez uma contribuição para a campanha do petista Aloizio Mercadante ao governo do Estado de São Paulo em 2010. Mercadante hoje é ministro da Casa Civil, o principal auxiliar da presidente Dilma Rousseff.

Pessoa mencionou a contribuição durante as negociações do acordo de delação premiada que ele fez com os procuradores, homologado nesta quinta-feira (25) pelo ministro Teori Zavascki, relator dos inquéritos da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal).

De acordo com a prestação de contas apresentada pelo PT à Justiça Eleitoral em 2010, a UTC doou R$ 250 mil para a campanha de Mercadante.

Os procuradores da Lava Jato ainda não sabem se a doação feita a Mercadante tem ligação com o esquema de corrupção descoberto na Petrobras, alvo principal das investigações em curso.

Em outros casos, executivos de empresas acusadas de participar do esquema disseram que doações eleitorais feitas para o PT eram parte da propina que deviam pagar para manter seus contratos com a Petrobras.

Por meio de sua assessoria, Mercadante afirmou que todas as contribuições para sua campanha em 2010 foram feitas de acordo com a legislação eleitoral e estão registradas na prestação de contas entregue ao TSE.

Segundo petistas que receberam informações sobre as conversas de Pessoa com os procuradores, o empreiteiro fez um relato de uma reunião com membros da campanha de Mercadante para discutir contribuições para seu comitê eleitoral em 2010.

O chefe da Casa Civil reconheceu ter recebido o presidente da construtora em sua casa depois que o empresário manifestou o desejo de conhecer o petista em razão da corrida eleitoral.

Mercadante afirmou ainda não ter conhecimento de que foi citado pelo executivo nas negociações para o acordo de delação premiada e que não recebeu recursos não declarados em sua campanha de 2010.

"Não houve omissão de quaisquer valores. Todas as contribuições foram devidamente contabilizadas e declaradas à Justiça Eleitoral, como consta de minha prestação de contas aprovada pela Justiça Eleitoral", afirmou.

Sobre o encontro com o presidente da UTC, Mercadante confirmou ter estado com ele "uma única vez", por solicitação do empresário, que tinha "o intuito de me conhecer".

Segundo o ministro, o encontro aconteceu em sua casa e teve a participação de Emidio de Souza, então coordenador de sua campanha, hoje presidente estadual do PT-SP. O ministro nega, porém, que tenha havido qualquer negociação de valores na ocasião.

"Posteriormente, a empresa UTC, por ocasião da campanha ao Governo do Estado de São Paulo em 2010, fez uma única contribuição, devidamente contabilizada e declarada à Justiça Eleitoral, no valor de R$ 250 mil reais, conforme demonstrado em minha prestação de contas aprovada pela Justiça Eleitoral", conclui o ministro.

Ricardo Pessoa é hoje apontado pela polícia como um dos líderes do cartel que teria sido formado pelas empreiteiras acusadas de participar do esquema de corrupção na Petrobras.

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