O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta sexta-feira (3) os autores de críticas à presidente Dilma Rouseff na internet.
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Durante evento da FUP (Federação Única dos Petroleiros), Lula chamou de "irresponsáveis escondidos na internet" aqueles que atacam sua sucessora. Após a fala, movimentos ligados à defesa dos direitos das mulheres petroleiras apresentaram mensagens e cartas de repúdio a adesivos que estão sendo vendidos na internet com o rosto da petista com as pernas abertas.
Lula disse que esse tipo de ataque "jamais" seria feito por "uma pessoa de dignidade, que gosta da mãe e do pai".
"Peço a deus todo dia para a Dilma não perder a tranquilidade. Nessas horas tem que provar porque foi eleita", afirmou.
O ex-presidente ainda falou que vivemos tempos de intolerância. "Ser exigente é cobrar, é ir pra rua cobrar, não é ficar falando palavrão contra a presidenta ou contra qualquer outra pessoa", disse.
Nesta quinta (2), foi divulgado o vídeo de um brasileiro que se infiltrou na comitiva da presidente nos Estados Unidos e a chamou de "assassina", "terrorista" e "petistas de m****".
Lula fez ainda menção à pichação em frente ao prédio do apresentador Jô Soares, logo após ele exibir uma entrevista com a petista em seu programa, na TV Globo.
"[Ser exigente] não é pichar o muro do Jô. Cadê a tolerância? Cadê a democracia? Cadê o respeito? Democracia pressupõe respeitar a opinião do outro", afirmou.
O petista voltou a dizer que "têm pessoas nesse país" que não aceitam a melhoria de vida dos mais pobres. Para Lula, esse nicho não quer que pobre vá de avião para o Ceará. "Quer que vá de jegue. Quer que vá a pé", criticou.
'CABEÇA NO OMBRO'
Mais cedo, o ex-presidente reconheceu que o país atravessa um momento difícil e apontou um roteiro para a recuperação do governo Dilma: que ela coloque "o pé na rua" e fale com a parcela da população que a apoia.
"Acho que ela [Dilma] tem a noção exata do que eu estou falando. Ela conviveu muito tempo comigo e sabe que, nas horas difíceis, nas horas mais difíceis, não tem outra alternativa a não ser encostar a cabeça no ombro do povo e conversar com ele. Explicar quais são as dificuldades e quais são as perspectivas", afirmou.
No esteio de uma nova postura, Lula não fez críticas à condução do governo de sua sucessora. Ele defendeu o ajuste fiscal e comparou o "aperto" nas contas públicas aos cortes que teve que promover ao chegar ao poder, em 2003.
Lula atribuiu o mau momento da economia à crise internacional, que estourou em 2008, e disse que as pessoas só veem um Brasil pior hoje porque o comparam com o país que os petistas construíram quando chegaram ao Planalto.