A presidenta Dilma Rousseff, em encontro bilateral com o presidente russo, Vladimir Putin, em Ufa, na Rússia, informou que a sétima cúpula do Brics, que começou nesta terça-feira (8), “será um momento especial para o bloco, que se consolidará com a criação do Novo Banco de Desenvolvimento e do Arranjo Contingente de Reservas”.
Sobre a relação entre Brasil e Rússia, Dilma destacou a área de ciência e tecnologia e acrescentou que os dois países devem desenvolver o comércio bilateral, que tem reconhecido potencial de crescimento. “Devemos continuar trabalhando para atingir a meta dos US$ 10 bilhões no fluxo do nosso comércio”.
A presidenta destacou que a área de infraestrutura brasileira representa uma grande oportunidade de investimento. “Temos também grande interesse em ampliar investimentos recíprocos. O Brasil tem agora uma oportunidade ímpar, com seu plano de investimento em logística, de atrair empresas russas, que são grandes especialistas em portos e em ferrovias.”
Durante o encontro, Putin enfatizou o crescimento de 15% no comércio entre os países do Brics em 2014 e disse estar confiante na manutenção da tendência.
Mais cedo, o presidente russo manteve encontros bilaterais com os presidente da China, Xi Jinping, e da África do Sul, Jacob Zuma, e com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi.
Para o líder russo, a cúpula é uma oportunidade de mostrar ao Ocidente que Moscou não está isolada, mesmo com a suspensão do país do G8 – as nações mais industrializados do mundo –, por causa da anexação da Crimeia, em março do ano passado.
A cúpula, que ocorre em uma das mais belas regiões russas, nas encostas dos Montes Urais, prossegue durante todo o dia de amanhã (9).
Na agenda prioritária dos líderes está o acordo sobre o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) do Brics ou Banco do Brics, que entrou em vigor na semana passada. Eles discutirão detalhes do funcionamento da nova instituição, que terá sede em Xangai, na China, e será presidida pelo banqueiro indiano K. V. Kamath, tendo como vice o economista brasileiro Paulo Nogueira Batista Junior.
O banco, que começa a operar no ano que vem, terá capital inicial de US$ 50 bilhões, divididos em partes iguais entre os integrantes. Com ele, os países-membros do Brics esperam reduzir o domínio do FMI e do Banco Mundial sobre o sistema financeiro global e criar espaço para outras moedas, além do dólar americano, no comércio internacional.
A instituição financiará projetos de infraestrutura nos países do Brics, mas as operações podem ser estendidas a países em desenvolvimento que desejem fazer empréstimos.
O NDB foi criado em julho do ano passado, na última reunião do Brics, em Fortaleza. Na ocasião, também foi lançado o Arranjo Contingente de Reservas (CRA na sigla em inglês), no valor de US$ 100 bilhões, dos quais US$ 41 bilhões virão da China. O Brasil, a Rússia e a Índia contribuirão com US$ 18 bilhões cada, enquanto a África do Sul aportará US$ 5 bilhões.
A cúpula também servirá para discutir ações de cooperação econômica e comercial entre os países do bloco, englobando setores como energia e infraestrutura. O Brics representa um quinto da economia mundial e 40% da população do planeta.