Em Maceió, agentes da Polícia Federal chegaram às 6h na Organização Arnon de Mello, empresa que reúne os veículos de comunicação pertencentes à família do senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL). Foram apreendidos computadores e documentos na organização, que controla rádios, a TV Gazeta -afiliada da Globo no Estado- e jornal.
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A operação de busca de documentos, que vasculhou todos os setores da empresa, foi comandada pessoalmente pelo superintendente da PF em Alagoas, André Santos Costa, acompanhado por um dos filhos de Collor, Fernando James. O clima era tenso entre os funcionários.
Enquanto os agentes recolhiam o material, a cúpula da organização mantinha-se reunida a portas fechadas. O diretor-executivo do conglomerado, Luís Amorim, chegou para trabalhar pouco depois das 7h. Ele também teve a casa revistada pela PF e participava da reunião do alto escalão das empresas.
A equipe da PF deixou a sede da organização no fim desta manhã.
A residência do filho de Collor, Arnon Afonso, na capital alagoana, também foi um dos 53 alvos do cumprimento dos mandados de busca e apreensão -a polícia não divulgou o que foi recolhido.
A ação integra a Operação Politeia, deflagrada no Distrito Federal e nos Estados da Bahia, do Rio de Janeiro e de Pernambuco, Alagoas, Santa Catarina e São Paulo.
Em Brasília, a Polícia Federal apreendeu carros de luxo em uma casa de Collor.
Os mandados foram expedidos pelo STF (Supremo Tribunal Federal), referentes a seis processos instaurados a partir de provas obtidas na operação Lava Jato. Os investigados devem responder a crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, fraude a licitação, organização criminosa, entre outros.
OUTRO LADO
Em sua defesa, a assessoria do senador Fernando Collor emitiu uma nota, na qual chama a ação de "aparatosa operação policial". Ainda segundo a nota, o cumprimento dos mandados de busca e apreensão foi uma medida "invasiva e arbitrária" e "flagrantemente desnecessária, considerando que os fatos investigados datam de pelo menos mais de dois anos, a investigação já é conhecida desde o final do ano passado, e o ex-presidente jamais foi sequer chamado a prestar esclarecimentos".
A nota diz ainda que Collor teria se colocado à disposição da Polícia Federal, por duas vezes, para ser ouvido, mas, nas duas ocasiões, seu depoimento foi desmarcado na véspera. "Medidas dessa ordem buscam apenas constranger o destinatário, alimentar o clima de terror e perseguição e, com isso, intimidar futuras testemunhas".
"A medida invasiva traduz os tempos em que vivemos, em que o Estado policial procura se impor ao menoscabo das garantias individuais seja do ex-presidente, do senador da República ou do simples cidadão. Afinal, se nem os membros do Senado Federal estão livres do arbítrio, o que se dirá do cidadão comum, à mercê dos Poderes do Estado", conclui a nota.