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Cunha diz não buscar apoio e não ter pauta de vingança contra o governo

O peemedebista oficializou a ruptura, nesta sexta-feira (17), após ser acusado pelo lobista Julio Camargo de receber US$ 5 milhões de propina do petrolão

Do JC Online
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Publicado em 18/07/2015 às 16:18
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O peemedebista oficializou a ruptura, nesta sexta-feira (17), após ser acusado pelo lobista Julio Camargo de receber US$ 5 milhões de propina do petrolão - FOTO: Foto: AFP
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Um dia após anunciar o seu rompimento com o governo da presidente Dilma Rousseff, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou que não tem uma pauta de vingança para colocar em votação contra o Planalto e que não buscava apoio nem do seu partido e nem da oposição ao mudar sua orientação política.

"Como presidente da Câmara vou me conduzir da mesma forma que venho me conduzindo, com independência e harmonia com os demais poderes. Não existe pauta de vingança e nem pauta provocada pela minha opção pessoal de mudança de alinhamento político" disse em seu perfil do Twitter na tarde deste sábado (18).

O peemedebista oficializou a ruptura, nesta sexta-feira (17), após ser acusado pelo lobista Julio Camargo de receber US$ 5 milhões de propina do petrolão. Desafeto do governo desde que chegou à presidência da Câmara, no início do ano, Cunha acusa os petistas de incentivar as investigações sobre as suspeitas de que foi beneficiado pelo esquema de corrupção na Petrobras, revelado pela Operação Lava Jato.

Apesar de negar a intenção de colocar uma pauta de vingança em votação, Cunha criou nesta sexta (17) três CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito), sendo uma delas, a que investigará irregularidades de empréstimos feitos pelo BNDES. Além destas, a comissão que investigará irregularidades em fundos de pensões de estatais já tem autorização para ser criada no próximo mês. Ambas fazem parte do arsenal de Cunha para retaliar o Planalto.

O peemedebista também deu prosseguimento aos processos de pedidos de impeachment contra Dilma protocolados na Câmara. Cunha quer ter um parecer sobre o assunto em 30 dias. Nesta sexta, ele pediu que os autores dos requerimentos atualizem seus pedidos para que eles possam tramitar.

A decisão de Cunha não contou com o apoio nem mesmo do PMDB, que declarou ainda fazer parte do governo e que, qualquer mudança política deveria passar por todas as instâncias do partido. A sigla também enfatizou que a posição de Cunha é pessoal.

A oposição, que tem andado de mãos dadas com Cunha desde que ele derrotou o PT e o governo e conquistou a presidência da Câmara, em fevereiro, também não saiu em defesa do peemedebista. Apenas o Solidariedade foi a público apoiá-lo.

Neste sábado, Cunha afirmou que não buscava apoio. "Não busquei e nem vou buscar apoio para isso, a não ser o debate na instância partidária competente. E também não busquei e nem vou buscar apoio fora do PMDB, até porque cada partido tem e terá a sua postura dentro da sua lógica. O meu gesto não significará que estou buscando ganhar número para enfrentar e derrotar governo", escreveu.

O peemedebista negou ainda que irá prejudicar o andamento do ajuste fiscal, pauta prioritária para o Planalto neste ano. "Não tenho histórico de ajudar a implementar o caos na economia por pautas que coloquem em risco as contas públicas", escreveu.

Cunha, no entanto, já afirmou publicamente que não aceitará votar o projeto de lei encampado pelo governo de repatriação de dinheiro depositado no exterior e tem dito, nos bastidores, que poderá travar a votação do projeto que altera a desoneração da Folha de pagamento para diversos setores da economia. As duas propostas são cruciais para o sucesso do ajuste, conduzido pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

O presidente da Câmara voltou a dizer que acionará o juiz Sérgio Moro no STF (Supremo Tribunal Federal) por meio de uma reclamação para que o seu caso seja analisado pela Corte. Ele afirma que Moro não poderia ter aceito a delação de Camargo porque ele não tem competência para tratar do caso de um deputado, que tem foro especial e, por isso, só pode ser julgado pela Suprema Corte.

"Por várias vezes em oitivas ele interrompia as testemunhas e dizia que não podia tratar de quem tinha foro de STF. Ao que parece ele mudou. E quanto a isso meus advogados ingressarão com reclamação no STF", escreveu no Twitter.

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