O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), disse nesta terça-feira (28), em uma rápida passagem pela Câmara durante o recesso parlamentar, que respeita a manifestação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), mas vai manter a convocação da advogada Beatriz Catta Preta para depor no colegiado. A convocação foi aprovada no último dia 9 pela comissão e provocou reações dentro e fora da Casa.
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“Não acho que houve interferência alguma, mas a convocação está mantida e no momento certo vamos marcar a data [para o depoimento]”, disse ao comentar o ofício do presidente da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coêlho, que pediu a dispensa do depoimento. Para a entidade, a criminalista não é obrigada a fornecer qualquer informação que viole o sigilo profissional.
A criminalista defendeu vários investigados na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, entre eles, o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, o ex-executivo da Toyo Setal Augusto de Mendonça e o lobista Júlio Camargo que, recentemente, denunciou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de receber US$ 5 milhões para viabilizar um contrato da Petrobras.
Motta explicou que a comissão quer explicações sobre a origem do dinheiro pago pelos acusados. “A nós, cabe seguir o que o plenário decidiu e o plenário decidiu convocá-la para saber de onde está recebendo os recursos de honorários. Dinheiro ilícito é dinheiro ilícito”, avaliou. Motta quer esclarecer se o dinheiro dos honorários é parte dos recursos desviados pelos investigados.
O peemedebista acredita que a CPI conseguirá encontrar a advogada no “tempo certo” para convocá-la e ainda confirmou os depoimentos previstos para a próxima semana, com a volta do recesso parlamentar. No dia 4, a CPI ouve os presidentes da Mitsui, Shinji Tsuchiya, e da Samsung no Brasil, J. W. Kim. Os dois não compareceram à sessão do último dia 15 quando deveriam prestar depoimento para falar sobre o pagamento de propina a Eduardo Cunha em um contrato de aluguel de sondas celebrado com a Petrobras. No dia 6, está marcada a acareação entre o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Além dessas audiências, o colegiado terá que decidir sobre uma série de requerimentos. Motta explicou que vai definir a agenda da CPI em uma reunião de trabalho na primeira semana de agosto. Na lista polêmica, estão os requerimentos apresentados pelo líder do PSC, André Moura (SE), para a acareação entre a presidenta Dilma Rousseff e os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Edinho Silva (Secretaria de Comunicação), a acareação da presidenta com o doleiro Alberto Youssef e dos ministros com o dono da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa. Outro pedido na pauta, foi o apresentado pela deputada federal Eliziane Gama (PPS-MA), que defende a acareação entre o presidente da Câmara e Júlio Camargo.