Responsável por firmar nove acordos de delação premiada de réus da Operação Lava Jato, a advogada Beatriz Catta Preta disse ao "Jornal Nacional" que deixou o caso e decidiu abandonar a advocacia porque se sentiu ameaçada.
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"Depois de tudo que está acontecendo, e por zelar pela minha segurança e dos meus filhos, decidi encerrar minha carreira", afirmou.
Segundo ela, a pressão aumentou após um de seus clientes, o lobista Júlio Camargo, mencionar em depoimento que pagou US$ 5 milhões em propina ao presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ). "Não recebi ameaças diretas, elas vêm de forma velada, cifrada", disse.
Renuncia
A advogada Beatriz Catta Preta decidiu renunciar a todas as defesas que conduzia nas ações da Lava Jato na segunda-feira (20), poucas semanas depois que um de seus clientes, o lobista Júlio Camargo, mudar a versão do seu depoimento.
Na entrevista, Catta Preta disse que seu cliente tinha "receio" de fazer a menção a Cunha. "Ele tinha medo de chegar ao presidente da câmara, mas assumiu o risco".
O delator, que vinha negando a participação de políticos no esquema de corrupção da Petrobras, afirmou que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), também foi beneficiário e recebeu US$ 5 milhões em propina.
Desde então, a criminalista se tornou alvo de aliados de Cunha no Congresso. O deputado Celso Pansera (PMDB-RJ), que faz parte da CPI da Petrobras, apresentou dois requerimentos relativos à Catta Preta.
Em um deles, exigiu que ela explicasse a origem dos pagamentos que está recebendo de clientes envolvidos na investigação. Em outro, solicitou a lista de todos clientes da advogada.
Pansera foi acusado pelo doleiro Alberto Youssef, outro réu da Lava Jato, de agir como "pau mandado" de Cunha (PMDB-RJ). O parlamentar nega e diz que age por conta própria.
Nesta quinta (30), o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski, liberou a advogada para ficar em silêncio na CPI.
Antes de renunciar a todas as defesas que conduzia na Lava Jato, Catta Preta mantinha apenas dois dos nove clientes para os quais firmou acordos de delação, sendo eles o ex-dirigente da Toyo Setal Augusto de Mendonça e ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco.